Por Edson Toledo
Há um estudo feito pela We Are Social e Hootsuite que revela dados interessantes: entitulado de Digital in 2018 Global Overview. E saber ler estes resultados têm implicações importantes não só para as empresas, governos e sociedade em geral,mas também para os profissionais de saúde mental.
Foi Tim Berners-Lee que colocou a World Wide Web (mais conhecida pela sigla www) à disposição do público a mais de 25 anos, a Internet foi se tornando parte integrante da vida cotidiana da maior parte da população mundial.
No mundo, por exemplo, mais da metade da população mundial usa a internet. Mas não é apenas a internet que está crescendo rapidamente, é possível identificar uma série de pontos importantes neste relatório:
• Mais da metade do mundo acessa a internet e usa um smartphone;
• Quase dois terços da população mundial tem celular;
• Mais de 50% do tráfego da web mundial vem de telefones celulares;
• Aumento constante do uso de redes sociais via mobile.
Há também dados curiosos sobre o Brasil:
• 34% dos brasileiros ainda não são usuários de internet;
• Mais de 60% ainda não fazem compras online;
• 85% dos internautas acessam a internet diariamente em uma média de 9 horas;
• As maiores redes sociais do Brasil são: Youtube, Facebook e WhatsApp;
• Há mais celulares do que pessoas no Brasil.
Considerando esses números, o comportamento de crianças, adolescentes e parte dos adultos, chega-se a um cenário propício para o desenvolvimento e difusão de um novo tipo de dependência.
Pois é, e tem até nome! Trata-se da nomofobia, derivado da expressão inglesa “no mobile phone phobia”, cujo nome foi criado para definir o comportamento daqueles que se angustiam diante da impossibilidade ou incapacidade de comunicar-se pelo celular ou computador. O fato é que com as novas tecnologias e a presença dos telefones celulares em quase todos os níveis da rotina de um indivíduo, já são muitos os que desenvolvem uma relação pouco saudável com o aparelho, caindo em níveis de dependência patológicos.
A nomofobia é definida como um medo irracional de ficar sem o celular, de que se acabe o crédito, que não haja cobertura ou que acabe a bateria. Podemos incluir até o medo de sair de casa sem o aparelho. O que marca o comportamento daqueles que sofrem com esse problema é justamente a necessidade de ter o aparelho sempre perto, ao alcance da mão e da visão. Em alguns casos estar próximo do aparelho vale mais que realmente estar manipulando o celular/computador o tempo todo.
A empresa inglesa SercurEnvoy, que presta serviços móveis, apresentou os resultados de uma pesquisa onde aponta que quase 70% dos entrevistados afirmam sofrer de nomofobia. Segundo a pesquisa, as mulheres estariam mais sujeitas a desenvolver esse tipo de dependência. Outro dado que chama a atenção, é que quase 50% dos homens entrevistados afirmaram possuir dois ou mais aparelhos de celular.
Outro dado apresentado no estudo, que entrevistou jovens entre 18 e 24 anos, seriam os líderes no ranking da nomofobia. Oito de cada dez entrevistados estariam entre as vítimas desse tipo de problema.
O ponto que chama a atenção são as crianças que cada vez mais cedo começam a usar o celular. São milhões de crianças, desde a tenra idade e adolescentes com acesso livre e irrestrito. Sabe-se que o quanto mais precoce ocorrer uma dependência, mais negativas serão suas consequências físicas e psicológicas no longo prazo. Em termos comportamentais se observa nesses jovens uma falta de habilidade nos relacionamentos interpessoais, com dificuldades no estabelecimento de vínculos de amizade e/ou afetivos duradouros, conforme pesquisas publicadas sobre o tema.
Quando se pensa no impacto psicológico desse tipo de comportamento, seja na juventude ou vida adulta, é preciso considerar o enfrentamento de um quadro complexo, já que a nomofobia quase nunca aparece sozinha. O indivíduo normalmente já vem de uma situação de ansiedade, estresse ou transtornos de humor/personalidade.
Problemas físicos podem ocorrem, incluindo fadiga, patologia ocular, dores musculares, tendinites, cefaleia, distúrbios do sono e sedentarismo. Além disso, é evidente a maior propensão em se envolver em um acidente automobilístico e de sofrer quedas ao andar.
Talvez você seja nomofóbico; saiba os cinco sinais – clique aqui
Agora, se você se identificou com este post, talvez você precise de uma avaliação de um profissional de saúde mental.
Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um médico psiquiatra ou psicólogo e não se caracteriza como sendo um atendimento.