Gases intestinais: assunto incômodo

Por Tamara Mazaracki         

Flatulência, borborigmo, eructação, enfim, estes são nomes de gases que produzimos, apesar de fazer parte do processo digestivo, são quase sempre incômodos e embaraçosos. Porém, nem sempre significam um problema de saúde.

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Estudos mostram que a pessoa média gera de 0,6 a 1,8 litros de gás por dia. Este gás vem de duas fontes: a maior parte é de ar engolido (exógeno) e o restante é o produto de bactérias do cólon (endógeno). Gases intestinais são compostos por diferentes quantidades de oxigênio, nitrogênio, dióxido de carbono, hidrogênio e metano. Somente 1% dos gases tem odor – as bactérias intestinais produzem diversos compostos contendo enxofre, o culpado pelo cheiro.

O gás pode ser liberado através da boca (eructação) ou do ânus (flatos). Segundo a Sociedade Canadense de Pesquisa Intestinal, um indivíduo saudável emite flatos de 12 a 25 vezes por dia! Numa situação normal, o ar engolido permanece no estômago por um tempo e então passa através do trato digestivo em pequenas quantidades e a intervalos regulares. Ele se move rapidamente através do intestino delgado, impulsionado por suas contrações rítmicas (peristalse). Este processo não causa qualquer sintoma desconfortável. Quando o gás chega ao cólon, o ânus o libera gradualmente, e este gás costuma ser inodoro.
 
Muitos fatores influenciam a passagem de gás, incluindo a quantidade de ar engolido, tipo de alimento, frequência de ingestão, motilidade do intestino que pode ser afetada por alimentos, hidratação, medicamentos e estresse. Pessoas que se queixam de flatulência podem estar produzindo gases intestinais associados às alterações da microbiota (flora intestinal).   
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Sintomas de gases intestinais podem ser intensos                                                                          

Para muitos, a passagem de gás através do trato digestivo não provoca nenhum sintoma, porém outros reclamam de arrotos frequentes, distensão abdominal, desconforto, dor e grande produção de flatos. As pesquisas mostram que alguns indivíduos, ao beber durante uma refeição, podem engolir duas vezes mais ar do que líquido, especialmente ao usar um canudo. O gás se acumula no estômago, o abdômen distende dolorosamente e a roupa fica apertada. Como a distensão do trato digestivo afeta as contrações intestinais, o gás passa rapidamente do estômago para o intestino, com aumento do peristaltismo normal, e pode causar cólicas dolorosas.
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Gás que vem de fora (exógeno): para reduzir esta importante fonte de gases intestinais é necessário engolir menos ar. O que aumenta a ingestão de ar é mastigar chicletes, fumar, encaixe dental desalinhado, rinite crônica, dor crônica, ansiedade, tensão, engolir alimentos velozmente sem mastigar de forma apropriada, comer tomando líquidos, ingerir bebidas muito quentes, usar canudo. Limitar essas atividades ajuda a reduzir a quantidade de ar engolido.
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Gás que vem de dentro (endógeno): o cólon abriga muitas bactérias produtoras de gás, que fazem a festa com carboidratos ricos em amidos (mal digeridos) e açúcares. O gás malcheiroso se forma quando as bactérias fermentam estes alimentos na sua passagem através do cólon. A fermentação produz bolhas de gás. Alguns alimentos são conhecidos como produtores de gás, dependendo da tolerância individual: feijão, leite, pão, repolho, brócolis, alho, cebola, frutose, alimentos processados, refrigerantes.
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*Canadian Society of Intestinal Research – GI Society
*Gut 2014. Anal gas evacuation & colonic microbiota in patients with flatulence: effect of diet.
*American J Gastroenterology 2017. Bloating and Abdominal Distension: Old Misconceptions and Current Knowledge.