Por Ana Lúcia Paiga
Rogério (veja texto anterior), voltou com um semblante mais leve. Seu discurso estava mais positivo, mais consciente, e isso era um bom sinal.
Um passo importante tinha sido dado para refazer sua autoimagem.
Ao longo da sessão, porém, foi ficando claro que havia uma distância entre o conceito de sua mente e sua sensação. Diante do medo, ele já conseguia parar, respirar, conversar consigo mesmo e dar mensagens de confiança, merecimento ou permissão à sua Criança. Mas ainda sentia-se desconfortável e desconfiado, o que o impedia de ter um novo comportamento.
Isso é o que acontece na maior parte das vezes, quando nos propomos a mudar alguma crença limitante do nosso enredo.
Primeiro sentimos o desconforto, depois descobrimos a crença que nos prende ao comportamento padrão, depois compreendemos de onde ela vem, em seguida encontramos uma ferramenta para transformá-la; Mas só quando agimos, é que a transformação acontece.
É necessário uma coerência entre “Sentir, Pensar e Agir” para que haja a mudança efetiva.
Em outras palavras, é preciso que minha Criança acredite no que meu Adulto e Pai Nutritivo me falam, para que eu arrisque abrir mão do comportamento antigo que parecia me proteger de algo pior.
É preciso que eu me liberte das falsas garantias do passado, do conhecido, da zona de conforto, para que eu atualize minha autoimagem e consequente autoestima.
Quando criança ou adolescente, Rogério estava à mercê da opinião e mensagens dos pais, da sociedade, mas hoje é uma pessoa capaz de se avaliar, saber do que gosta e do que não gosta. Discernir entre o que pode modificar em si e o que lhe resta aceitar.
Afinal, todos temos diferentes características, que podem ser definidas como habilidades ou dificuldades.
Paradoxalmente, desenvolver a capacidade de aceitação é o ponto de partida para a maior mudança.
Não se trata de se conformar, mas sim de não julgar, apenas reconhecer a si mesmo, se valorizando e elegendo prioridades para sentir-se feliz e brilhar.
Como você pode contribuir com seu brilho?…