Por Andrea Lorena
Você já deve ter ouvido falar do termo “amor líquido” cunhado pelo sociólogo Zygmunt Bauman (1925-2017). Seu livro de mesmo nome discorre sobre a fragilidade atual dos relacionamentos – sejam eles amorosos, familiares e amizades.
A sociedade mudou e nós mudamos junto com ela. Cada vez mais, os relacionamentos têm se tornado mais fugazes devido à necessidade de satisfação imediata e da facilidade desta. Com a mesma rapidez que se iniciam novos relacionamentos, eles terminam. Basta um clique: “block”! E pronto, não há mais necessidade de contato, não há necessidade de dar satisfação, simples assim. Apesar das pessoas estarem mais “conectadas”, estão se relacionando menos… bem menos.
Isso fica bem claro no nosso dia a dia na clínica psicológica. É muito comum queixas dos pacientes a respeito da fragilidade das relações atuais. Isso acaba trazendo muita angústia, tristeza e ansiedade.
O que percebo é que a grande maioria parece ter um medo enorme do compromisso e das responsabilidades que o acompanham. Afinal, estar num relacionamento dá trabalho: o indivíduo (ao menos teoricamente) deveria dar atenção e carinho para o parceiro, ao mesmo tempo em que cuida de si, das suas necessidades e frustrações.
Parece difícil, não é mesmo? E assim, estar “preso” num relacionamento pode atrapalhar meus planos e parece que é mais fácil se conectar e desconectar do que deixar de “curtir a vida adoidado”.
Vivemos numa era onde o que importa é somente o “eu”, de uma maneira extremamente egoísta, onde o que mais importa é a quantidade de likes e seguidores. Ou seja, quantidade e não qualidade.
Torna-se cada vez mais complicado manter um relacionamento sólido num mundo que te empurra constantemente ao líquido. Se você não quer surfar nessa onda, tente se conectar com você mesmo, desenvolva o autoconhecimento e questione os seus valores. Conheça-se, só assim o medo de ser relacionar (no sentindo real da palavra) irá diminuir e você poderá se relacionar e conectar com o outro de forma mais segura.