Muitas características do meu marido me incomodam. O que faço?

E-mail enviado por uma leitora:  

“Tenho 34 anos e estou com o meu marido há 14. Desde que o conheci, já sabia de algumas características e comportamentos que não me agradavam tanto. Por exemplo: controlador, um tanto antissocial, racional demais… mas não me afetava muito. Com o passar dos anos e com muito autoconhecimento, essas características passaram a me incomodar. Tenho demonstrado a ele minha angústia perante isso, mas não sei o quanto posso exigir algo que sempre soube, ou se não sabia, pressentia, e mesmo assim, persisti. Afinal, há tantas outras características positivas. São comportamentos que afetam meu dia a dia, minha maneira de ser, mas sei que é dele, não posso mudá-lo. Também me sinto injusta e egoísta tendo esse amadurecimento agora e abandonar o barco. Não sei o que fazer. Devo continuar levando e focando no lado positivo dele? Ou se é algo que tem me afetado dessa maneira, preciso repensar o quanto vale a pena? Sinto angústia, dó, dor só de pensar nisso, de saber que posso afetar a sua vida. Observação: há muito mais nas entrelinhas, porém não sei o quanto posso escrever, detalhar… Por enquanto, se puder responder com o que foi enviado, já me ajudaria muito. Mas se quiser e puder, posso escrever mais. Muito obrigada. Abraços.”

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Resposta: Você consegue descrever muito bem suas sensações e ponderações sobre as atitudes de seu marido que passaram a incomodar de um tempo para cá: antissocial, racional e controlador. E, certamente, saberia descrever as características positivas também. A conclusão: provavelmente características positivas superam ou, pelo menos, se equiparam às negativas. Caso contrário já teria tomado sua decisão.

Vamos tentar entender melhor então, por que essas características negativas que você já conhecia estão incomodando tanto? Depois de 14 anos de casada, certamente, você mudou, suas expectativas mudaram, assim como suas necessidades. Parece que você está querendo sair mais, conhecer novas sensações e se sentir mais livre. E coloca seu marido como um entrave para essas experiências. Será que é ele mesmo que está prendendo você? Ou você, na verdade, está com medo de dar seus passos sozinha e tenta encontrar nas características negativas de seu marido uma justificativa para isso?

Casamento X liberdade

A partir dessa reflexão você pode chegar a vários atalhos. Talvez, mesmo continuando casada, se prestar mais atenção em você mesma, seus desejos e suas necessidades, possa chegar a uma forma de conciliar casamento e “liberdade”: iniciar novas atividades que proporcionarão encontros com novas pessoas; sair sozinha ou com amigas já que seu marido é antissocial ou procurar uma atividade de lazer que agrade você. Certamente, se você estiver mais voltada para aquilo que pode fazer sozinha não ficará tão preocupada com os defeitos de seu marido.

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Fim do casamento?

Por outro lado, caso o casamento para você tenha se esgotado, melhor assumir isso para você mesma ao invés de justificar essa sensação pelos defeitos de seu marido. Casamentos às vezes se esgotam independente da relação ser pacífica ou belicosa. Algumas pessoas, depois de anos de casadas, simplesmente sentem a necessidade de renovar sua vida, encontrar novas parcerias amorosas, ter novas experiências. Talvez esse seja seu caso. Reflita sobre isso e tire suas conclusões.

Exponha seus sentimentos

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É importante que antes de tomar qualquer decisão, você exponha suas sensações ao seu marido. Sim, você já falou um milhão de vezes e não adiantou. Mas talvez você tenha exposto seus sentimentos na forma de queixa, falou na terceira pessoa e não na primeira. É muito diferente falar: “você fez isso, fez aquilo etc” do que dizer: “eu me sinto assim quando você faz isso, aquilo etc…”. No primeiro formato você acusa. No segundo expõe seus sentimentos. Quando uma pessoa acusa, a tendência da pessoa acusada é colocar-se numa posição defensiva. Já frente à exposição de sentimentos às chances da pessoa ouvir até o final e refletir sobre a questão são maiores. Tente.

Fala um balanço

Finalmente, faça um balanço de como pretende levar a vida caso resolva se separar: pretende ter outros parceiros? Ficar sozinha para fazer o que quer? Está preparada para assumir sua independência? É importante lembrar que sonhar com uma vida ideal é muito fácil, o sonho é livre e leva você para onde quiser, sem barreiras. Já transpor sonhos para a realidade depende de um belo esforço e depende de terceiros que podem funcionar como pedras no seu caminho. Assim, não deixe de sonhar, mas evite colocar no sonho a base única de sua vida. A realidade existe e se impõe, querendo ou não.

Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um psicólogo e não se caracteriza como sendo um atendimento.