Além de medicamento e psicoterapia

Por Eduardo Ferreira Santos

Resposta: Além de medicação e psicoterapia, acredito que uma consulta com seu ginecologista possa ser útil no sentido de ele, talvez, lhe prescrever um tratamento hormonal.

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O que antes era pouco levado em consideração por médicos, particularmente ginecologistas e psiquiatras, a até então chamada Tensão Pré-Menstrual, após longos e cuidadosos exames científicos durante quase 20 anos de evidências, apresentadas por inúmeras mulheres com essa condição, confirmaram, de acordo com a Associação Americana de Psiquiatria, uma forma de transtorno depressivo específico e responsivo a tratamento adequado que inicia em algum momento após a ovulação e remite poucos dias após a menstruação, causando impacto significativo no equilíbrio psíquico.

Tal quadro, de acordo ainda com os americanos, na sua 5ª versão do DSM (Diagnóstico Manual e Estatístico dos Transtornos Mentais) ganhou o nome de TDPM ou seja, Transtorno Disfórico Pré-Menstrual.

Para se caracterizar corretamente esse transtorno, alguns sintomas devem estar presentes na semana final do início da menstruação, começar a melhorar ou mesmo desaparecer no seu início ou logo depois.

Características essenciais do TDPM:

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– Expressão de labilidade do estado de humor:

– Irritabilidade exacerbada;

– Sintomas de ansiedade (física e/ou psíquica) que ocorrem repetidamente durante a fase pré-menstrual do ciclo e desaparecem por volta do início da menstruação ou logo depois. Devem ter ocorrido na maioria dos ciclos menstruais durante o último ano e ter um efeito adverso no trabalho ou no funcionamento social.

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Causas

Para tentar explicar sua origem, recorre-se aos múltiplos fatores que concorrem para o comportamento humano, isto é: os biológicos, os psicológicos e os ambientais.

Sob o ponto de vista biológico, já ficou comprovada uma herança genética em cerca de 30 a 80% das pessoas, sendo estimado em 50% herdável.

Os fatores ambientais (sociais) associados à expressão do TDPM incluem vivência atual estressante, mudanças sazonais, e aspectos socioculturais do comportamento sexual feminino no geral e o papel do gênero feminino em particular.

Já no aspecto psicológico, a história de traumas interpessoais (conscientes ou inconscientes) podem ter sua contribuição importante no desenvolvimento da estrutura da personalidade e construção de crenças disfuncionais em relação à feminilidade ou mesmo à maternidade.

Portanto, trata-se de um quadro clínico importante que requer o auxílio de um ginecologista ou psiquiatra, acompanhado, talvez, de uma psicoterapia, para que seja resolvido.

Papel feminino: crenças disfuncionais em relação à feminilidade e à maternidade

A menstruação, por ser um fenômeno exclusivamente da mulher, traz consigo conceitos preconcebidos, relacionados à maternidade e à feminilidade, pois, por si só, está relacionada a ser mulher e ser capaz de gerar filhos.

Questão feminilidade

Na questão da feminilidade, para algumas pessoas, ainda há uma certa dificuldade em lidar com o gênero feminino e a confirmação deste atributo pode gerar algum tipo de ansiedade e angústia na aceitação desta condição. Isto pode aparecer mais claramente em casos ditos antigamente como patológicos, tais quais a homossexualidade, a transexualidade etc. Mas pode também ser apenas uma dificuldade psicológica adquirida ao longo da formação psicológica na qual se impregnou ideias negativas quanto ao ser mulher devido à forma como a pessoa lidou com o sexo feminino, particularmente com a figura da própria mãe.

Questão maternidade

Na questão maternidade, podem surgir, ainda que inconscientemente, o temor de que não apenas quanto ao estado de gravidez, mas também, as grandes responsabilidades na geração e criação de filhos implicam na vida da pessoa. Isto também advém de crenças distorcidas formadas ao longo da infância e adolescência, enfim "problemas psicológicos".

Há, ainda a se considerar que a menarca (primeira menstruação) é como que um "rito de passagem" da infância para a vida adulta e isso pode ser traumático para algumas meninas, gerando distúrbios de ansiedade, angústia e depressão que se manifestam na forma do TDPM.

Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um médico psiquiatra e não se caracteriza como sendo um atendimento.