E-mail enviado por um leitor:
“Eu e minha esposa estamos nos separando. Eu a amo muito e sei que errei bastante no meu casamento. Fui um grande esposo, um ótimo pai, mas deixei o amor acabar. Hoje vejo que o amor tem que ser nutrido de várias formas. Eu achava que ser presente e não deixar faltar coisas era o suficiente para ela continuar a me amar. Tenho um grande problema que misturo um pouco as coisas. Se estou estressado no trabalho ou algo assim, fico calado na minha – o que acontece bastante. Estamos passando por um grande problema financeiro. Mas hoje tenho a capacidade de querer me renovar e fazer diferente, ser um melhor amante e ser mais atencioso com ela, mas ela diz que não quer mais. Há conserto em uma relação desgastada? O meu casamento tem 10 anos temos, uma filha de 9 anos.”
Resposta: Para consertar um relacionamento desgastado, é preciso que os dois queiram se esforçar, e muito, para reconstruir a relação. Pelo que você escreve, parece que existe, de sua parte, uma vontade de tentar mudar. Mas ela está dizendo que não quer mais. E quando um não quer, fica muito, muito mais difícil. Mas não impossível.
De nada adianta você ficar falando que vai mudar e prometendo atitudes que nem você mesmo sabe se estão ao seu alcance. Para que ela esteja tão decidida a romper o casamento, certamente você já disse muitas vezes que vai mudar. Mas não mudou. Talvez porque não conseguiu ser algo diferente do que você é; ou porque não acreditou que um dia pudesse perdê-la. Enfim, parece que não aconteceram mudanças efetivas na relação e, para ela, foi melhor pedir a separação.
Você ainda pode tentar lutar pelo relacionamento? Pode. Não através de promessas de mudança, mas agindo de forma diferente para mostrar que é possível oferecer a ela coisas que até agora não ofereceu. Se pretende dividir mais as coisas com ela, tente não dividir só os problemas, só as lamentações. Tente, dentro do possível, criar bons momentos no meio da tempestade pela qual a família está passando; desligar-se um pouco dos seus problemas pessoais e falar sobre planos que interessem a ela e à sua filha também.
Enfim, mostre que existe um lado seu que você ainda não experimentou usar a favor de uma relação mais saudável. Essa é a tentativa que você pode fazer. Afinal, se sua esposa pediu para você refletir, como você menciona no começo do e-mail, é porque alguma esperança, por menor que seja, ainda existe. Só que a reflexão por si só, como foi dito acima, não resolve o problema. É preciso ação.
Até quando insistir?
Pode ser que, apesar de jogar no ar um fio de esperança, realmente ela não queira mais tentar, mesmo que você se esforce. Nesse caso, melhor não insistir muito e deixá-la ir embora e experimentar a vida sem você. Pode ser que ela goste mais. Mas ela também pode descobrir que a vida ideal que existe na cabeça dela não se concretiza na realidade. E frente a essa descoberta querer retomar o casamento.
Enfim, entenda que esse tipo de decisão não depende só de você. E tentar, nem sempre é conseguir. Faça a sua parte da melhor forma que puder, mas não coloque a retomada do casamento como meta única em sua vida. Mesmo porque uma pessoa desesperada, obcecada, prometendo mundos e fundos não convence. O que convence é alguém que se esforça sem perder a dignidade. Pense nisso.
Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um psicólogo e não se caracteriza como sendo um atendimento.