Você já deve ter ouvido em algumas religiões ou filosofias sobre o despertar ou ampliação da consciência. Muitas pessoas quando ouvem isso, pensam que é algo muito distante; e somente os santos ou pessoas muito eruditas podem alcançar esse estado. Nesse texto falarei um pouco sobre isso para desmistificar essas crenças.
O que é despertar ou ampliar a consciência?
Quer dizer “somente” vermos a nos mesmos e a realidade tal como são, sem as distorções ou ilusões. E aqui faço um parêntesis em relação à palavra distorção, a qual acho muito interessante, pois se formos decompor a palavra para estudá-la, ela quer dizer tirar a torção, ou seja, retirar o que está torto ou a confusão. Desse modo, utilizamos essa palavra de maneira errônea, uma vez que de modo geral quando a usamos queremos dizer, justamente o contrário do que ela significa.
A ampliação de consciência tem a ver justamente com isso, com percebermos cada vez com mais acuidade tudo: o que se passa dentro de nós (nossos pensamentos, emoções, intenções, dores físicas e emocionais) e também fora: nossas ações, as pessoas, o ambiente etc com presença (estar inteiro e presente no local e momento em que se está sem estar com a cabeça em outro lugar) e também sem criar realidades que na verdade não estão ocorrendo. Essa última parte é algo que fazemos muito, supomos coisas, julgamos, projetamos, criamos ilusões.
Quantas vocês você olhou para uma pessoa e em poucos segundos já traçou um perfil dela sem ao menos trocar meia dúzia de palavras? Quantas vezes você já imaginou diversas coisas diante do atraso de alguém ou quando ouviu alguém se comportando de maneira agressiva? Quantas vezes você achou que sabia o que estava passando na cabeça de uma pessoa?
Sabe o que todas essas situações têm em comum?
Todas são criações da nossa mente e tudo que criamos em nossa mente são hipóteses e não realidade. E algo que acontece muito por conta dessas nossas deduções é que sofremos. Sofremos pela possibilidade de algo (que muitas vezes nem acontece) e que nos demanda uma grande quantidade de energia e atenção. Desse modo nos desligamos parcialmente da realidade e vivemos nesse mundo de ilusão. E passamos a tomar decisões e agir não diante do que efetivamente está acontecendo, mas diante do que achamos que está acontecendo. Essas são as nossas neuroses.
Neuroses vêm da infância
Baseadas em experiências e vivências que tivemos na nossa infância, passamos a acreditar que algo semelhante pode se repetir (esse é muitas vezes um processo inconsciente) e nos defendemos. Desenvolvemos tensões, como se estas pudessem nos proteger e passamos a viver com elas, assim como se estivéssemos vestindo armadura o tempo todo.
A questão central disso, é o grande desperdício de energia que acontece e assim ficamos cansados, além de nunca resolvermos realmente a raiz das nossas questões.
Autoconhecimento é a saída
Dessa maneira quando, através do autoconhecimento, nós percebemos e reconhecemos nossas máscaras, tensões, negatividades; podemos ir aos poucos trabalhar isso tudo e o despertar vai acontecendo pouco a pouco, até que nós vamos saindo da ilusão e vamos tomando cada vez mais consciência da realidade: de quem verdadeiramente somos e de quem são os outros. O que se nota com isso, é maior leveza, menos gasto de energia, mais alegria, mais fluidez nas relações.
Há também menos raiva, menos frustração, menos melindre, uma vez que se alguém te diz algo, e isso é verdade, você sabe que é verdade e não tem porque se esconder ou se defender, você aceita e faz algo com isso; não toma isso como uma agressão. Por outro lado, se alguém te diz algo e isso não é verdade, então não te atinge, pois somente não é verdade.
O que nos dificulta a seguir nesse caminho do despertar é nosso medo, que aparece maquiado na preguiça, no cansaço, na falta de tempo, mas se você se propuser a caminhar verdadeiramente com coragem, então também poderá desfrutar de tudo isso. Permita-se!