A inveja tem várias faces, mas é sempre cega; nesse post três histórias orientam uma possibilidade de entender esse sentimento
É comum que cobiça e inveja sejam confundidas sempre que se propõe a um grupo que as defina. De fato, são fenômenos com personalidades muito distintas!
Ao visitarmos a inveja (in videre – não ver) com maior proximidade, nos surpreendemos com o fato de estar ligada à questão do olhar, do não poder ver meu próximo auferindo algo de uma situação qualquer. Por que ele e não eu?
Três histórias nos orientam na melhor possibilidade do entendimento. Rubem Alves em livro infantil conta do invejoso que topa com a lâmpada do gênio. Inicialmente exultante e entusiasmado, se torna sombrio ao escutar do gênio a ressalva quanto a seus pedidos. Tudo o que recebesse seria dado em dobro ao seu pior inimigo. Rapidamente seu coração se torna sombrio, sua visão se turva e o pedido para si surge: que o gênio fure um de seus olhos!
Entendimento da inveja a partir da mitologia bíblica
Na mitologia bíblica encontramos outras duas que se complementam, uma no antigo testamento e outra no novo testamento. A história de Caim e Abel em parceria com a do Filho Pródigo dão conta desse recado.
Na primeira história, um assassinato por não ser possível a realização e a alegria com a conquista alheia. Por que o sacrifício dele foi aceito e o meu não? Na segunda, um irmão permanece fiel ao pai enquanto o outro pede sua arte da herança, sai de casa, gasta tudo e retorna sem nada. Entretanto, pede perdão ao pai e se compromete a ser seu empregado. O pai perdoa e o restitui ao status de filho, mas o irmão que fica não perdoa e questiona os motivos do pai.
De algum modo, Caim é também o irmão que ficou ao lado do pai e Abel aquele que gastou tudo o que recebeu.
A inveja tem várias faces, mas é sempre cega. A base de seu tratamento está no exercício da celebração de triunfos alheios. Segundo Rohden: “Difícil é tolerar derrotas próprias. Dificílimo tolerar vitórias alheias”. E você, quando fez seu último exame de vista?