por Emilce Shrividya Starling
Através do yoga, descobrimos que é possível controlar a mente, mas aprendemos também que isto requer constância, disciplina e vontade da alma.
Nossos sentidos sensoriais e motores são como ‘cavalos indomáveis’ que buscam incessantemente prazer. Nossa mente agitada passa de um desejo para outro, nesta busca desenfreada.
Para colocar um freio nessa atividade irrequieta da mente é importante praticar pranayama, os exercícios respiratórios do yoga.
A palavra sânscrita pranayama significa: prana: energia vital ou respiração e yama: domínio. Assim, etimologicamente, significa:domínio sobre o prana, sobre a respiração. É a ciência da respiração.
Segundo o importante texto da hatha-yoga, Hatha Yoga Pradipika, yoga é acalmar as flutuações da respiração, bem como controlá-la. Observar o ritmo da respiração aquieta a mente.
Iyengar, um dos introdutores do yoga no Ocidente, diz em seu livro A Árvore da Vida, que é mais fácil acalmar a respiração do que a mente, porque a mente pode seguir incontáveis direções, em uma fração de segundo. Enquanto que a respiração, só tem um percurso: inspiração e expiração. Podemos fazer uma pausa e reter a respiração, mas ela não se multiplica como a mente. Ao controlar a respiração, você está controlando a mente.
A prática do pranayama é uma boa técnica para acalmar a mente que se distrai com os pensamentos a todo o momento. E também prepara a mente para a meditação.
Diariamente precisamos de alguns minutos de quietude para o processo de silenciar os sentidos e direcioná-los para o interior, para aquietar os órgãos motores e desacelerar a atividade mental.
O primeiro passo para essa desaceleração é ficar na posição sentada e parar o corpo por alguns instantes. Ao deixar o corpo quieto e imóvel, a pessoa já sente uma mudança em suas ondas cerebrais que passam do agitado ritmo de onda beta (13 ou mais ciclos por segundo) – para o ritmo calmo de onda alfa (cerca de 8 ciclos por segundo).
Vamos praticar esse pranayama em quatro fases:
Você pode se sentar em uma cadeira, com os pés no chão ou se sentar no chão, sobre uma almofada, com as pernas cruzadas. Coloque as mãos sobre as coxas, polegares e indicadores se tocando, ou uma mão sobre a outra no colo. Alongue sua coluna, abra os ombros e alinhe sua cabeça e queixo. Feche os olhos e relaxe seu rosto.
1ª fase do pranayama : Respire pelo nariz, de maneira silenciosa e calma. Observe que a respiração começa no abdome. Inspire lentamente contando mentalmente um, dois três, quatro. Expire contanto no mesmo ritmo de quatro tempos. Deixe que os tempos da inspiração e expiração sejam iguais. Permita que seja uma respiração completa e suave.
2ª fase: Inspire contando mentalmente no mesmo ritmo de quatro. Deixe os pulmões cheios contando dois. Expire contando longamente no ritmo de quatro e deixe os pulmões vazios contando dois. Faça isto sem esforço algum. Permita que a respiração se torne cada vez mais tranquila, completa e silenciosa.
3ª fase: Inspire calmamente contando no mesmo ritmo de quatro e com os pulmões cheios, mentalize o mantra * Om. Expire lentamente na contagem de quatro e, com os pulmões vazios, mentalize o mantra Om. Sinta como o mantra aquieta suas ondas cerebrais e mentais.
4ª fase: Inspire lentamente contando quatro e, com os pulmões cheios, repita mentalmente o mantra Om Namah Shivaya. Expire longamente contando quatro e, com os pulmões vazios, repita mentalmente o mantra Om Namah Shivaya – que significa Eu honro Deus que habita em meu interior. Apóie-se no mantra e no ritmo da respiração.
Você pode dedicar uns dez minutos a este pranayama. Não se preocupe com o tempo que deve fazer em cada fase. Deixe que tudo aconteça naturalmente.
Com a concentração contínua no ritmo da respiração e no mantra, as ondas cerebrais são transformadas, passando do ritmo acelerado de beta ao ritmo estável, calmo de alfa. A mente se torna serena e equilibrada e, ao mesmo tempo, alerta e focada.
Após esse pranayama, você está mais calmo e preparado para meditar.
Deslize então para a meditação uns dez ou quinze minutos. Deixe a respiração natural e observe o ar que entra e sai. Ao inspirar, repita, silenciosamente, o mantra Om Namah Shivaya e ao expirar Om Namah Shivaya.
Sem lutar com seus pensamentos, quando perceber que se dispersou, gentilmente, volte sua atenção para o mantra e a respiração. Entregue-se a este momento e relaxe meditando.
Dedique-se a esta arte da serenidade e conquiste a tranquilidade da mente.
*Om: O mantra OM é o som primordial que contém todos os outros sons e do qual toda a criação surgiu. Segundo as escrituras indianas, é a sílaba mística, o corpo sonoro de Deus. É a essência interior de todos os mantras. É a palavra sagrada da qual emana todo o universo. OM é uma invocação, uma bênção, é a vibração da própria alma.