Da Redação
Uma pesquisa recém-publicada pelo periódico científico Journal of Proteome Research demonstra que o chocolate amargo reduz os níveis dos hormônios do estresse (ex: corticoide, adrenalina) em indivíduos que se sentem muito estressados.
Os voluntários do estudo consumiram 40g diários de chocolate com teor de cacau de 74% por duas semanas.
E por que o chocolate tem esse poder de reduzir o estresse?
O chocolate, especialmente o amargo, tem propriedades que fazem nosso cérebro apaixonar-se facilmente por ele. É um alimento com alto teor de carboidrato e gordura, com grande poder de estimular nossos centros cerebrais relacionados ao prazer e à sensação de nos sentirmos recompensados. Contém ainda farta concentração de substâncias chamadas de aminas biogênicas (ex: teobromina, feniletilamina, cafeína e tiramina), que também têm alto poder de estimular nossos centros de recompensa, assim como a liberação de neurotransmissores, como dopamina, serotonina e endorfina.
O chocolate possui outras substâncias que podem estar associadas ao prazer: triptofano que é precursor do neurotransmissor serotonina e a anandamida que se liga aos mesmos receptores em que a maconha exerce seus efeitos no cérebro. O chocolate ainda faz com que a anandamida produzida pelo nosso próprio cérebro tenha efeito mais duradouro.
Mas os efeitos vão muito além do prazer e da redução do estresse. Sabemos hoje que o consumo de chocolate amargo promove uma série de outros efeitos benéficos ao nosso corpo pelo seu alto teor de flavonoides, as mesmas substâncias que fazem a boa fama dos chás, frutas e verduras.
Entre os inúmeros bons efeitos já descritos temos:
1) aumento dos níveis de óxido nítrico, considerado um dos principais combustíveis para a saúde dos nossos vasos sanguíneos;
2) redução da agregação das plaquetas, ação que é igual à da aspirina;
3) aumento dos níveis do HDL – nosso colesterol bom – entre outras ações antioxidantes;
4) redução de marcadores de inflamação – lembrando que aterosclerose é igual a inflamação;
5) redução da resistência à insulina, facilitando sua ação nas células;
6) aumento do fluxo sanguíneo periférico (nos membros) e nas artérias do coração;
7) redução da pressão arterial;
8) aumento do fluxo sanguíneo cerebral e/ou atividade neuronal durante uma tarefa cognitiva. E os efeitos chegam até à pele, com aumento de sua microcirculação sanguínea e maior nível de fotoproteção.
Vale lembrar que não é fácil adaptar 50-100g de chocolate diários em nosso cardápio devido ao seu alto valor calórico. A boa notícia é que muitos estudos revelaram efeitos positivos do chocolate amargo mesmo em baixas doses, como um a dois quadradinhos por dia.
Fonte: Ricardo Teixeira é Doutor em Neurologia pela Unicamp