por Patricia Gebrim
A proposta deste artigo é falarmos sobre a busca pela perfeição. Assim, para que você comece a pensar no assunto eu sugiro que você faça a seguinte pergunta a si mesmo:
– Você realmente conhece alguém perfeito? Sem nenhum defeito? Que só tenha acertos na vida?
É claro que todos conhecemos pessoas as quais admiramos, mas “perfeito” mesmo, que eu saiba não existe ninguém. Todos nós temos falhas, às vezes mais explícitas, outras vezes escondidas com muito esforço.
Mas, mesmo nesse caso, quando menos esperamos, a tal falha escapa de nosso controle e acabamos dando de cara com a dura verdade: somos todos imperfeitos!
Penso ser válido que ao menos tentemos caminhar na direção do que consideramos ser o melhor, nos aprimorarmos, crescermos e nos lapidarmos nas arestas da vida.
Mas, acredite, a busca rígida pela perfeição tem um fim único e certo: a frustração! Uma vez que é impossível de ser atingida, sempre restará em nossas bocas um sabor amargo de decepção no final.
É também verdade que muitas pessoas consideradas perfeccionistas acabam até sendo bem vistas em nossa sociedade, uma vez que não medem esforços em corresponder, e até mesmo superar, o que acreditam ser esperado delas. Para as instituições do mundo de hoje nada mais confortável do que pessoas perfeccionistas! Aqueles que nunca dizem não, que parecem ser capazes de dar conta de tudo com rapidez e precisão e frequentemente assumem cargas muito maiores do que as outras pessoas.
Pode-se dizer que aos poucos, aqui e ali, aparecem sinais de mudança nessa forma de se ver as pessoas, mas ainda temos um longo caminho pela frente até mudarmos esse panorama, sendo assim, encaremos o assunto com uma boa dose de realismo.
Pensando dessa forma, pode até ser que, graças a seu perfeccionismo, você consiga dar conta de mais coisas do que as pessoas em geral e seja mais valorizado e por isso. A minha pergunta é:
– Qual é o custo para você? Para o seu “ser”, para a sua “alma” ?
Por exemplo: quanto custa para você dedicar-se 100% ao trabalho, almejar nada menos do que a perfeição em cada ação, relatório ou atividade empreendida? Buscar 0% de erro?
Repito – Quanto custa a você ? – é preciso que você se pergunte.
Custa a sua saúde? Custa horas de sono que não podem ser desfrutadas? Custa amigos que nunca podem falar com você, pois você está sempre ocupado? Custa não ver seus filhos crescerem? Custa perder a convivência com a sua família? Custa seu bom humor? Custa sua alegria? Sua felicidade?
E depois:
– Vale a pena pagar esse preço? Será que toda essa exigência era mesmo necessária?
Muitas vezes não se trata de deixarmos de fazer o que fazemos, mas de termos consciência de que, se abrirmos mão da exigência de perfeição, poderemos encontrar uma outra maneira de fazer aquela mesma coisa, uma forma mais leve, que não nos roube a vida, a alegria, o brilho nos olhos. Que não nos transforme em autômatos cheios de dores nas costas e manias insuportáveis.
Consciência
Não é fácil ter consciência! Para nos tornarmos conscientes precisamos sair do automático e nos manter presentes no “aqui e agora”. É tão fácil nos deixarmos seduzir por hábitos… você já percebeu? Vamos simplesmente “seguindo a onda”, fazendo, fazendo, sem pensar exatamente em que escolhas estão por trás daquelas ações.
Se formos capazes de compreender a dádiva que é cada pequeno momento de nossas vidas. Se formos capazes de nos dar conta da inevitável passagem do tempo, talvez possamos perceber que não faz sentido algum desperdiçarmos essa maravilhosa experiência que é a vida, nos forçando a ser perfeitos (algo impossível de ser atingido, lembre-se!).
Com consciência, talvez possamos acreditar que basta “dar o nosso melhor”, e ser felizes no restante do tempo. Dar o nosso melhor no trabalho, sem esquecer de alimentar as relações interpessoais. Dar o nosso melhor a nossos familiares, a nossos amigos, sem esquecer de nossos sonhos, de nós mesmos. Dar o nosso melhor, sabendo que ainda assim a falha nos brindará vez ou outra durante esse caminhar.
Precisamos aprender a lidar com os nossos erros
Quando abrimos mão da tal perfeição, ganhamos em troca a liberdade de errar, de compreender que o erro é apenas mais uma forma de aprender algo, talvez aprender como “não fazer” algo. Ganhamos leveza e espontaneidade, como se pudéssemos lidar com a vida como faz uma criança ao se deparar com novas experiências: brincando, resgatando o prazer do aprendizado.
Abra-se para a percepção de que você pode fazer toda a diferença no mundo sendo apenas e exatamente quem você é hoje… Ria mais de si mesmo. Perceba quando estiver recriminando a si próprio por um erro cometido, guarde o erro em seu arquivo de “aprendizado” e siga em frente.