por Patricia Gebrim
Antes de mais nada, é difícil definir essa tal felicidade. O que é felicidade afinal?
O conceito pode ter mil variações possíveis. Já ouvi muitos dizerem que felicidade é um sentimento que temos quando tudo está bem na nossa vida. Alguns disseram que é aquilo que sentimos quando amamos alguém. Outros me disseram que se sentem felizes quando tem dinheiro, e por aí vai. No que se refere à opinião das pessoas, é difícil chegar a um consenso.
Eu sugiro então que, pelo menos durante a leitura deste texto, imaginemos que felicidade seja a sensação boa de fluir com leveza pela vida, com espontaneidade, de ser o que somos, sem esforço, sem medo do que virá, sem querer voltar para algum lugar no tempo, lá atrás. Vamos imaginar a felicidade como a plena aceitação da vida que se manifesta neste exato momento, uma espécie de consciência de que tudo no Universo está interligado e é perfeito exatamente da forma como se manifesta, logo não há nada a ser rejeitado, nada a ser mudado ou alcançado.
Tudo já é! Felicidade é a paz que vem dessa consciência.
Pense na felicidade como a partícula de luz que existe em cada célula de seu corpo, em cada átomo. Ela é o sopro divino, a essência mais verdadeira do seu Ser. Não há como separar-se dela, seria como tentar separar o raio do Sol do próprio Sol, separar o sopro do próprio vento, separar as ondas do próprio mar.
Eu concordo que, dizendo isso, fica ainda mais difícil compreendermos o motivo de tanta dificuldade em experienciar felicidade. Ora, se somos felicidade… Por que não a sentimos?
A resposta é por que nos separamos de nós mesmos. Somos esses seres dotados de profunda beleza, somos parte de tudo o que existe, somos parte da natureza, somos perfeitos, mesmo com nossa mais gritante imperfeição. Mas de alguma forma nos separamos disso. Construímos uma cabana cheia de crenças em nossa mente, e passamos a morar lá, isolados de tudo e de todos, acreditando naquela corrente maluca de pensamentos que nos assedia dia após dia, vindas do nosso passado, das experiências que vivemos, ou antecipando o futuro, tingido de medos e desejos.
Ao invés de nos unirmos à vida neste exato momento… Como faz um pássaro ao voar. Como fazem as árvores, balançando com o vento. Como fazem as flores, compartilhando suas cores e aromas com o mundo. Ao invés disso, passamos a pensar, criar teorias, elaborar fantasias. Deixamos o espaço luminoso da realidade viva e pulsante, e passamos a viver sombriamente nesse calabouço chamado mente.
Passamos a nos identificar com o que se passa na nossa mente, como se essa fosse a verdade maior. Já não conseguimos confiar na vida. Passamos a tentar controlá-la, sempre impulsionados pelo medo. Como se tivéssemos enlouquecido e nos fechássemos nessa cabana no alto da montanha, sem nunca sair de lá. É assim nos afastamos da felicidade.
Nos separamos do momento presente e passamos a gastar uma enorme quantidade de energia tentando controlar o que não foi feito para ser controlado. Tudo o que atraímos em nossa direção vem para ser amado, mas nos esquecemos disso, e passamos a sofrer. Esquecemos que a vida é perfeita exatamente como é, e que bastaria dançarmos com ela para que tudo caminhasse na direção da harmonia.
Ouçam. A felicidade não é um estado a ser atingido. Não depende de nada fora de você. Ela já está aí, agora mesmo. Basta que você se entregue ao momento presente, pare de lutar contra a vida e confie. Aceite tudo exatamente como está agora e derrame sobre este exato momento todo o seu amor. Aceite este momento como aquilo que você precisava. Este momento é seu professor, é seu colo, é sua benção, é seu amor.
Pare de lutar, só assim poderá sentir os braços macios, protetores e confortadores da felicidade ao seu redor.