por Jocelem Salgado
Quando chega o final de semana ou aquele evento especial tão esperado, a consequência pode ser comer em excesso.
Com certeza você também já passou por isso algumas vezes. No entanto, existem pessoas que não conseguem se controlar diante da comida, esse transtorno recebe o nome de compulsão alimentar.
A compulsão alimentar caracteriza-se pela ingestão exagerada de alimentos, mesmo quando não se tem fome, sentindo necessidade de comer sempre e na maioria das vezes não respeitando os intervalos entre as refeições. Assim a pessoa consegue devorar grandes quantidades de alimentos em curto período de tempo, sem ao menos se preocupar com o sabor desses alimentos. Vale ressaltar também que as pessoas com compulsão alimentar não ingerem apenas alimentos gordurosos ou pesados, mas qualquer tipo de alimento.
Geralmente essa questão está intimamente relacionada a problemas emocionais, como por exemplo, quadros de depressão e ansiedade.
Especialistas apontam que alguns pacientes chegam a comer alimentos crus ou congelados, e isso acontece não por prazer, mas por descontrole. E, num prazo curto de duas horas, essa ingestão pode chegar a 15 mil calorias, sendo que um adulto normal precisa em média de duas mil calorias por dia para viver.
Como podemos perceber, a compulsão alimentar é totalmente diferente de sentir fome. A fome é o nome que se dá a uma sensação fisiológica que temos quando o nosso corpo necessita de alimento para manter as funções corporais.
Ninguém está livre de, de vez em quando, exagerar na comida. Às vezes por que estamos nervosos ou ansiosos, quando nós mulheres estamos na TPM, quando estamos em alguma festa com os amigos ou em um churrasco… Mas os pacientes desse distúrbio possuem além do descontrole por comida, outros sintomas: comer rápido demais com pouca mastigação; arrependimento e tristeza após os rompantes; falta de preocupação com o aumento de peso; constrangimento social e o prazer imensurável ao comer.
Sintomas da compulsão alimentar
Quem sofre do transtorno de compulsão alimentar come de uma só vez ou durante um determinado período, por exemplo, durante uma festa de aniversário, mas não tenta se libertar da comida depois, provocando vômitos, como no caso do individuo bulêmico. O transtorno de compulsão alimentar é reconhecido por hábitos alimentares como:
– Consumir quantidade excessiva de comida, mesmo quando não tem fome;
– Comer até se sentir agoniado;
– Esconder hábitos alimentares devido à vergonha ou embaraço;
– Esconder comida para episódios de voracidade;
– Esconder embalagens vazias ou caixas de alimentos e gerar lixo em excesso;
– Comer constantemente enquanto houver comida disponível;
– Comer quando está sob pressão ou quando se sentir psicologicamente afetada;
– Sentir-se subjugado/a, envergonhado/a e/ou culpado/a durante e/ou depois de um episódio de voracidade;
– Exprimir repugnância em relação a hábitos alimentares, peso, corpo ou aparência;
– Expressar descontentamento com a aparência, peso ou autoestima.
Alimentos que ajudam a controlar a compulsão alimentar
A alimentação já é comprovadamente um forte aliado à prevenção de diversas doenças. A sua relação com a compulsão alimentar não é diferente. Diversos alimentos podem auxiliar o paciente compulsivo, fornecendo ao mesmo uma sensação de bem-estar e saciedade.
Dentre estes alimentos, podemos destacar:
Alimentos ricos em carboidratos: são macronutrientes essenciais para o desenvolvimento do corpo e disponibilização de energia para realização de atividades. O consumo de alimentos ricos em carboidratos durante as crises de ansiedade ameniza esses sintomas, pois quando ingeridos, elevam a taxa de glicose sanguínea, gerando sensação de bem-estar e dando maior disposição. Mas atenção, dê preferência para os carboidratos presentes nas frutas e cereais integrais, além de serem mais saudáveis são de fácil absorção e utilização pelo organismo.
Alimentos ricos em triptofano: o triptofano é um aminoácido essencial, ou seja, não é produzido pelo corpo humano e deve ser obtido através da alimentação. Os alimentos que apresentam proteínas completas (aminoácidos essenciais em quantidades adequadas para o desenvolvimento do corpo) contêm em sua composição o triptofano. Dentre esses alimentos podemos destacar carne, leite e ovos. Esse aminoácido é um dos precursores utilizados pelo corpo para produção do neurotransmissor serotonina. Os níveis de liberação desse hormônio no cérebro estão diretamente ligados com a ingestão dos alimentos ricos nesse aminoácido, uma vez no cérebro, o triptofano aumenta a produção do neurotransmissor ocasionando sensação de bem-estar.
Alimentos ricos em Vitamina C: conhecida também como ácido ascórbico é uma vitamina hidrossolúvel (solúvel em água) a qual são atribuídos múltiplos efeitos benéficos à saúde. O consumo de vitamina C diminui os níveis de cortisol no organismo, hormônio responsável pela distribuição dos sinais de estresse pelo corpo nos momentos de ansiedade. Por isso o consumo de alimentos ricos nesses micronutrientes promove a saúde do sistema nervoso e aumenta a qualidade de vida. Abuse principalmente no consumo das frutas cítricas, como acerola, abacaxi, laranja, limão e alguns vegetais como os tomates e pimentões. Para o melhor aproveitamento da vitamina C, deve-se consumir os alimentos frescos e de preferência crus, pois o calor degrada esse composto.
Alimentos ricos em Vitamina B6 (piridoxina) e vitamina B9 (ácido fólico): essas vitaminas podem ser determinantes na síntese da serotonina pelo corpo humano. Pesquisas mostraram que a carência das vitaminas B6 e ácido fólico na dieta influencia diretamente o humor. Sendo assim, a suplementação de alimentos ricos nessas vitaminas pode ajudar a driblar os sintomas da ansiedade auxiliando na produção e liberação de serotonina, o hormônio da felicidade. Acrescente na dieta alimentos como carnes vermelhas (fígado bovino é uma excelente fonte tanto de vitamina B6 como de vitamina B9) e frango, grãos integrais, feijão e leite.
Cúrcuma: também conhecida, por gengibre dourado, açafrão da terra ou açafrão da Índia, é uma planta de pequeno porte que mede aproximadamente um metro, amplamente cultivada nos países asiáticos. É utilizada há séculos como alimento na forma de especiaria (obtido pelos rizomas seco e moído), devido ao seu forte sabor e à sua coloração amarelada marcante. Pesquisas apontam que o condimento cúrcuma atua no organismo aumentando a disponibilidade de alguns neurotransmissores, tais como a serotonina. Ao modular esses biossinalizadores a cúrcuma poderia reduzir os níveis da enzima Monoamina oxidase, a qual é responsável pela diminuição da disponibilidade de serotonina. Isto é, está envolvida na regulação de temperatura, indução do sono e regulação dos níveis de humor. Estes resultados podem ser obtidos acrescentando uma colher de chá deste condimento na alimentação diária.