Como lidar com a síndrome de abstinência de inibidores de apetite?

por Danilo Baltieri

"Há seis anos sou viciada em anfepramona. Desejo me livrar dessa droga, mas infelizmente não consigo. Se paro de tomar o remédio, perco o controle da alimentação, fico irritada, só penso em comida a qualquer hora do dia. Qual é o primeiro passo para poder largar este vício?"

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Resposta: As anfetaminas e os anfetaminoides têm sido muitas vezes inadequadamente utilizados desde a sua introdução no mercado internacional. Por exemplo, existem relatos de que diferentes anfetaminas eram rotineiramente utilizadas por soldados durante a II Guerra Mundial e a Guerra do Vietnam para mantê-los alerta nas situações de combate.

De fato, o abuso dessas substâncias deve-se aos seus efeitos de euforia e às suas propriedades de excitação motora e psíquica. Além desses efeitos, a supressão do apetite e a sensação de estar mais alerta são importantes fatores para o início e manutenção do consumo inadequado dessas drogas.

Também, muitos indivíduos são "apresentados" a essas drogas por razões médicas; porém, o desenvolvimento e a manutenção de um consumo abusivo entre esses indivíduos acaba ocorrendo por "conta própria do paciente".

Quando alguém inicia o consumo de anfetaminas, frequentemente sente o aumento da energia, melhora das habilidades para interação social e euforia. O usuário pode sentir a necessidade de consumir a droga para melhorar sua performance nos estudos e na vida social, bem como aperfeiçoar sua aparência física – perder peso.

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Com o uso prolongado e frequente, o usuário percebe que doses maiores produzem maiores efeitos. O indivíduo consome regularmente a droga, torna-se muito preocupado com a possibilidade da falta da substância e com a dificuldade para consegui-la. Neste momento, quando o usuário cessa subitamente o uso, apresenta sintomas desagradáveis.

Sintomas da síndrome de abstinência

Na fase precoce da síndrome de abstinência às anfetaminas, o dependente pode manifestar sensação de estar deprimido, ansioso, sem energia e com muita vontade de consumir a droga. As memórias relacionadas ao consumo do estimulante vêm veementemente à tona, bem como um forte impulso de buscar por ela. Nesta fase, insônia e aumento do apetite são bastante comuns. A procura por farmácias clandestinas e a confecção de receitas médicas falsas também ocorrem frequentemente para a obtenção da droga.

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Em uma fase mais avançada da síndrome de abstinência às anfetaminas, muito comumente os usuários sentem: redução significativa da energia física necessária para o exercício das atividades diárias, fadiga, falta de interesse nas atividades corriqueiras do dia-a-dia. Se o usuário permanecer abstinente por 6 a 8 semanas, a sensação de falta de energia, ansiedade e irritabilidade tende a atenuar, mas pode permanecer com flutuações por cerca de 6 a 9 meses.

Fissura ou craving

Existe, também, uma fase mais tardia de abstinência de anfetaminas. Aqui, o dependente pode manifestar ainda intensa fissura para consumir a substância. Esses episódios de fissura (ou "craving") são frequentemente desencadeados por situações ou vivências nas quais, anteriormente, o indivíduo costumava usar a droga.

Além de todos esses indesejáveis efeitos relacionados ao consumo prolongado das substâncias anfetamínicas e anfetaminoides, existe uma miríade de outras consequências físicas, psiquiátricas e sociais altamente nocivas.

Primeiro passo

Como tenho reiterado INÚMERAS vezes aqui no Vya Estelar, no que concerne ao PRIMEIRO PASSO no tratamento das dependências químicas, o indivíduo deve tanto desejar tratar-se quanto procurar um profissional especializado na matéria.

Um soma enorme de esforço tem sido direcionada para desenvolver tratamentos médicos e psicológicos adequados e eficazes para o tratamento de portadores de quadros de abuso/dependência de estimulantes, como as anfetaminas.

Como essas substâncias alteram o funcionamento do Sistema Nervoso Central de forma incisiva, as abordagens farmacológicas têm recebido especial atenção. No entanto, até o momento, não existem medicações comprovadamente eficazes no manejo dessa condição médica. Isso, entretanto, não significa que não existe tratamento médico. Isso significa, dentre outras coisas, que cada paciente deverá ser rigorosamente avaliado e examinado por especialistas objetivando a individualização do tratamento médico e psicossocial.

De fato, alguns dependentes de anfetaminas necessitarão de suporte farmacológico diante dos sintomas da síndrome de abstinência ou mesmo de outros sintomas clínicos e psiquiátricos dos quais possa padecer.

Dessa forma, procure urgentemente um profissional altamente especializado na matéria. Boa sorte!