por Renato Miranda
Não é novidade que o exercício físico promove um ótimo estado funcional do nosso corpo. Todavia, o exercício físico implica em uma simultaneidade psíquica que nem sempre é levada em conta por praticantes, atletas e por alguns profissionais, embora muito se diga sobre a importância do entendimento das relações psicofísicas das emoções nos exercícios físicos.
Ao considerar que todas as experiências vivenciadas por nós são acontecimentos simultâneos, ou seja, uma experiência física é acompanhada simultaneamente por uma experiência psíquica, tal como uma experiência psíquica é acompanhada por uma experiência física, podemos afirmar que exercício físico e emoção estão intimamente ligados.
Uma pessoa ao praticar uma sessão intensa de exercícios musculares (musculação), além da exigência física, há um desencadeamento de processos emocionais que regulados por neurotransmissores, como a endorfina e serotonina, produzem um estado de euforia e a regulação do humor.
Por outro lado, em uma situação emocional positiva que proporciona alegria, provoca ao mesmo tempo um aumento da pressão arterial e do fluxo sanguíneo muscular, para preparar o organismo a agir diante a situação propriamente dita.
Nesse contexto pode-se dizer que o ser humano sempre se expressa através da relação simultânea corpo-mente e vice-versa e esses estão constantemente presentes na dinâmica pessoal.
Relação entre emoção, comportamento e motivação
Assim sendo, é possível afirmar que as emoções organizam e dirigem o comportamento tanto como os motivos que impulsionam as pessoas agirem. Não obstante, as emoções podem ter efeitos desorganizadores sobre o comportamento. Em resumo, as emoções são bastante afins da motivação (força ou motivo que nos impulsiona em direção a algo).
Portanto, o comportamento é facilitado por um motivo até certo grau de força e depois o motivo é desorganizador: o ponto de “mutação” depende da dificuldade da tarefa. As tarefas mais difíceis tendem a provocarem um comportamento desmotivado e desorganizado, repercutindo ansiedade. As tarefas (força de motivo) com dificuldade adequada tendem a provocarem um comportamento motivado e produtivo (organizado).
Em conclusão podemos afirmar que quando de uma regulação da exigência do grau de dificuldade do exercício físico (treinamento), além de providenciar uma sobrecarga ideal para a pessoa, uma adaptação emocional favorável será verificada, pois haverá harmonia entre a exigência da tarefa (motivo) e a capacidade psicofísica da pessoa. O resultado dessa combinação será uma motivação ideal para a execução da tarefa e como consequência oportunidade de sentimento de alegria, satisfação, recompensa, bem-estar e envolvimento com a atividade.
Do mesmo modo, ao persistir esse equilíbrio entre tarefa e capacidade pessoal interveniente, o comportamento motivado e organizador das emoções, projetará o praticante de exercícios físicos para um nível de execução de alto grau de sofisticação e mobilização psicofísica, sem terem consciência de problemas ou alternativas fora da atividade presente. É como se naquele momento nada mais importasse a não ser suas próprias ações de treinamento.
Em resumo, se você escutar sobre a importância de regular as emoções frente às mais diversas situações da vida, nada melhor começar a pensar sobre como o exercício físico pode funcionar como “matéria-prima” para alcançar esse desejável objetivo.