por Antônio Carlos Amador
Muitos jovens chegam à situação matrimonial com determinadas ilusões. A palavra “ilusão” é muitas vezes usada num sentido pejorativo, como coisa da qual devemos nos livrar, se suspeitamos que a temos.
As ilusões da juventude, contudo, podem ser essenciais para as nossas primeiras ligações e comprometimentos, mantendo-nos neles até que consigamos ganhar alguma experiência de vida. E ao longo do tempo, na vida do jovem casal, a tarefa será harmonizar essas expectativas com as experiências que a realidade impõe. Isso não é fácil na maioria das vezes. Alguns casais resolvem essas questões por conta própria, outros necessitam de ajuda especializada.
Na atualidade os matrimônios necessitam cada vez mais de ajuda especializada. Talvez pela complexidade da vida moderna. Por isso mesmo a grande dificuldade que vários casais enfrentam, é resolver suas contendas sem ruptura do vínculo matrimonial. Os números variam de um lugar a outro, mas o fato é que no mundo ocidental, nas classes médias, muitos matrimônios terminam em divórcio, separação, ou alguma forma de ruptura. Isso sem contar aquela proporção de situações de sofrimento silencioso onde não há separação e as aparências são preservadas.
Por outro lado, há pessoas que se defendem enquanto podem e mantêm sua solteirice, apesar das pressões de familiares e amigos. É como se existisse uma espécie de medo de casamento, tão intenso quanto o medo de permanecer solteiro. As razões da escolha de um parceiro permanecem em boa medida ignoradas pelos próprios noivos, uma vez que os segredos de sua atração mútua têm a ver com atração física, costumes sociais, inclinações pessoais e até com complexos subconscientes.
O medo de casar-se é um medo da relação de casal, que pode ter dois aspectos: temor da sexualidade e temor da dependência (muitas vezes se fala em jugo matrimonial, comparando-se a situação de casado com a situação do prisioneiro). Nos últimos anos tem aparecido também medo do matrimônio enquanto instituição. Não há o rechaço à sexualidade, que é supervalorizada em detrimento da relação interpessoal duradoura e contínua.
Desde que o romantismo substituiu os casamentos arranjados pelas famílias dos noivos, fortaleceu-se o mito de que as pessoas casam por amor. As forças reais que impulsionam os jovens para o casamento de modo geral se reduzem a uma das seguintes: necessidade de segurança, necessidade de preencher um vazio em si mesmos, necessidade de sair de casa, necessidade de prestígio ou de resolver problemas práticos.
Se na escolha do parceiro não houve muitos motivos disparatados ou irracionais, se os cônjuges são aceitavelmente maduros e responsáveis e gozam de boa saúde física e mental, então a probabilidade de uma união feliz e estável é alta. O matrimônio pode incrementar o bem-estar pessoal de cada um dos dois, enriquecer sua personalidade e ajudá-los a crescer e desenvolver suas possibilidades de uma maneira progressiva e adulta. Quando essas circunstancias não se dão, as separações são quase inevitáveis.
As crises se apresentam em cada etapa do desenvolvimento da relação conjugal: durante a formação do casal; com a chegada, ou não, dos filhos; com a chegada da meia-idade; na velhice.
Os motivos fundamentais do desacordo conjugal podem residir na imaturidade de um ou de ambos os cônjuges; na falta de generosidade e excesso de egoísmo, na relação de excessiva dependência, falta de laços suficientes (desinteresse, desamor, divergência progressiva. As situações de “triângulo” (o aparecimento de uma terceira pessoa na discórdia) são uma ameaça grave para o casal (filho, sogra, amante etc.), quando se produz uma estratégia inconsciente para compensar a infelicidade pessoal. Quando isso ocorre é preciso procurar ajuda profissional.