por Edson Toledo
“Em torno de 1% da população irá desenvolver a esquizofrenia durante a vida.”
A esquizofrenia é um relevante transtorno psiquiátrico no qual a sensopercepção, pensamento, humor e comportamento, em geral, estão significativamente alterados.
A prevalência durante a vida é de 1% da população, ou seja, significativa. Os sintomas da doença são normalmente divididos em positivos (alucinação e delírios) e negativos (apatia, redução de interesse nas atividades diárias, pobreza de discurso, isolamento social). Cada paciente apresenta uma combinação única de sintomas e experiências.
Os sintomas são considerados positivos quando apenas refletem um excesso ou distorção de funções normais, mas são negativos quando refletem uma diminuição ou perda de funções normais.
Os sintomas positivos são comportamentos psicóticos não observados em pessoas saudáveis. Pessoas com sintomas positivos geralmente perdem o contato com a realidade. Estes sintomas vêm e vão. Às vezes eles são graves e outras vezes quase imperceptíveis, dependendo se o paciente está ou não recebendo tratamento.
Os sintomas negativos são associados a rupturas com os comportamentos e emoções normais. Estes sintomas são mais difíceis de reconhecer como parte do transtorno e podem ser confundidos com depressão ou outras condições.
Quando devo pensar em esquizofrenia e quais sinais e sintomas buscar?
Em torno de 1% da população irá desenvolver a esquizofrenia durante a vida. Os primeiros sintomas tendem a aparecer no início da vida adulta, quando o indivíduo normalmente está em um período de transição para uma vida independente. Entre as causas de mortalidade pela doença está o risco aumentado de suicídio, de 5%.
Tipicamente existe uma fase *prodrômica (também é conhecida por síndrome de risco de psicose), que precede o primeiro episódio e pode durar de alguns dias até 18 meses, essa fase corresponde ao período que antecede a eclosão da psicose, em que o indivíduo pode apresentar um estado de apreensão e perplexidade sem um foco aparente, sendo comum o sentimento de que “algo está para acontecer”. Geralmente se nota uma mudança no comportamento da pessoa, que passa a ficar mais isolada e a demonstrar atitudes peculiares e excêntricas, podendo ocorrer sintomas psicóticos breves e transitórios.
Em linhas gerais esse período é caracterizado por uma deterioração de funções que podem incluir:
– Sintomas psicóticos, como ouvir vozes que comentam e/ou comandam a ação do paciente, com de duração temporária;
– Problemas de concentração e memória;
– Mudanças de comportamento;
– Desconfiança, ansiedade, tensão, irritabilidade;
– Dificuldades de comunicação e mudanças de humor;
– Isolamento social, com progressivo distanciamento do convívio social;
– Alterações no sono e apetite, perda de energia e motivação;
– Redução de interesse nas atividades diárias.
No North American Prodrome Longitudinal Study (Estudo Longitudinal de Pródromo Norte Americano), pesquisadores descobriram que 35% dos pacientes tiveram um surto psicótico em até dois anos e meio após avaliação em uma clínica.
Após a fase descrita anteriormente, normalmente, ela é seguida por um episódio agudo que é caracterizado por:
– Alucinações, especialmente auditivas;
– Alucinações são percepções claras e definidas de um objeto, voz, ruído ou imagem sem a presença de um estímulo real;
– Delírio e alterações de comportamento;
– Delírios são falsas crenças, que são nutridas pelo doente com grande convicção;
– Agitação e angústia.
É importante entendermos o peso da doença, em especial a importância da esquizofrenia em um contexto social de um indivíduo acometido por esse transtorno.
Os sintomas e mudanças de comportamento associados à doença podem causar um importante impacto no indivíduo, na sua família e amigos. Para o paciente há a diminuição de sua qualidade de vida e de sua capacidade para o trabalho, além disso, é grande o preconceito sofrido pelos portadores da doença.
A doença é acompanhada por importante estigma, medo e limitado conhecimento por parte da população. Os primeiros anos são particularmente difíceis e caóticos e existe um risco de aumento de suicídio. Após o diagnóstico, o tratamento adequado deve incluir além de medicações, outras intervenções que garantam a adesão ao tratamento e que evitem a hospitalização frequente.
Cheryl Corcoran, diretora do Centro de Prevenção e Avaliação (da Clínica COPE, um programa de investigação prodromal da Universidade de Colúmbia e do New York State Psychiatric Institute), observou que a elevada atividade do hipocampo observada no estudo pode sinalizar um papel para o glutamato na fisiologia da doença. Se assim for, as drogas com alvo no glutamato poderiam ser escolhidas como possíveis terapias.
Dra. Corcoran acrescentou que ela e seus colegas da Clínica COPE oferecerem aos pacientes prodrômicos psicoterapia individual, contendo elementos de ambas as terapias cognitivo-comportamental e terapia de apoio, e medicação apenas quando necessário – medicamentos antipsicóticos estão associados a efeitos colaterais e são reservados para aqueles com diagnóstico de psicose. “Oferecemos terapia de apoio individual com foco nos pacientes administrando os recursos de que necessitam”, disse ela. “Nossos objetivos são melhorar a função e reduzir o estigma associado com o rótulo de se ter um maior risco para a psicose”.
A terapia cognitivo-comportamental pode ensinar os pacientes a lidar com o estresse, ajudá-los a aprender a ignorar os pensamentos incomuns, e dar-lhes as habilidades sociais necessárias para interagir com outras pessoas em suas vidas, acrescentou o Dr. **Adam Savitz. “É uma abordagem que pode ser aplicada a um grupo amplo de pessoas”.
*Na medicina, pródromo é um sinal ou grupo de sintpmas que pode indicar o início de uma doença antes que sintomas específicos surjam. O termo é derivado da palavra grega prodromos ou precursor. Pródromos podem ser sintomas não-específicos ou, em alguns casos, podem indicar claramente uma doença em particular.
**Professor Assistente de Psiquiatria no Weill Cornell Medical College, Westchester Division