por Emilce Shrividya Starling
Algumas pessoas têm vontade de experimentar a meditação, outras nem suportam a ideia de ficar parada, outras acham que é perda de tempo.
“… meditar não é parar de pensar. Meditar não é esvaziar a mente. O cérebro não para de funcionar. Com a prática regular da meditação, os pensamentos vão diminuindo, e a mente vai se esvaziando por ela mesma”
Porém, há muitos motivos para você meditar, como para obter mais saúde, tranquilidade, dissolver a ansiedade, diminuir as dores crônicas, ter mais resistência e força interior.
Muitas pesquisas científicas já mostraram que essa prática milenar do yoga controla o estresse, abaixa a pressão arterial, alivia as dores, traz mais alegria interior.
Os estudos de uma Universidade de Montreal confirmam que a meditação, com o foco na respiração, reduz as sensações dolorosas em 18%. E descobriram que isso, se deve, entre outros fatores, a uma redução no ritmo respiratório.
Os cientistas canadenses descobriram também que quem medita suporta melhor as dificuldades e as indisposições, mesmo quando não está imerso em momentos de tranquilidade. Isso porque o efeito positivo da meditação se prolonga pelo seu dia a dia.
O professor John KabatZinn, da Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, ensina a meditação para lidar com a ansiedade e o estresse porque essa técnica aumenta a resiliência – capcidade de se renovar frente às adversidades. Ou seja, ao ter mais resiliência, a pessoa se frustra menos diante daquilo que não controla. Consegue observar os acontecimentos sem se envolver com eles. Desenvolve desapego, mais aceitação e paciência.
E, como diz Elisa Kozasa (colunista do Vya Estelar – clique aqui), pesquisadora de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo: “O metabolismo se torna mais lento quando ficamos em repouso. Por isso, a reação a um estímulo desconfortável é menor. A emoção da dor passa a não ser tão negativa.”
Estudos da neurociência comprovam que as duas áreas, – a da emoção e a da dor – estão relacionadas. Demonstraram através de ressonância magnética que a dor é amplificada com imagens ruins e a dor é suavizada quando acompanhada de fotos do sol, de imagens calmas, de água fresca.
É importante compreender que meditar não é parar de pensar. Meditar não é esvaziar a mente. O cérebro não para de funcionar. A mente pensa e duvida.
É impossível controlar a mente. Ela é mais forte que o vento como diz a Bhagavad Gita, o livro sagrado do yoga. Se você tentar parar de pensar, a mente vai se tornar mais inquieta.
O primeiro passo para meditar é parar seu corpo na postura. Ficar quieto já acalma a mente.
Com a prática regular da meditação, os pensamentos vão diminuindo, e a mente vai se esvaziando por ela mesma.
Ao meditar o que acontece é um melhor direcionamento dos pensamentos. Eles vêm e o praticante busca outro foco ou âncora. Que pode ser: ficar focado em um mantra, na respiração, em uma oração ou no movimento.
Ao fazer isso, ele direciona a mente para o momento presente. Ele aprende a estar focado e presente no que está fazendo.
Isto tranquiliza e a pessoa leva esse aprendizado para sua vida diária, praticando o poder do agora, vivendo o presente, o único momento que existe.
Tipos de meditação
Existem vários tipos de meditação e você pode escolher a que mais se adapta a você:
1. Ficar concentrado no movimento:
Você pode conseguir equilíbrio mental praticando as posturas da hatha yoga, praticando tai chi chuan, praticando a meditação andando (clique aqui e leia), ou pode meditar dançando (clique aqui e leia).
Quando você pratica os asanas (posturas) da hatha yoga, com consciência corporal, com consciência do movimento e a consciência da respiração, você entra em estado meditativo, deslizando para níveis muito calmos, aquietando corpo e mente. Você ensina ao corpo a disciplina do silêncio. E através disso, a mente também se acalma, acabando com a ansiedade.
2. Ficar focado na respiração
Você pode se sentar confortavelmente, com a coluna ereta e observar a respiração.
Você pode fechar seus olhos ou praticar a meditação tipo zen, de olhos abertos, olhando para um ponto na parede.
Apenas perceba o ar entrando e saindo. Acompanhe o fluxo natural da respiração.
Embora os pensamentos fiquem surgindo, deixe-os ir embora. Não julgue os seus pensamentos. Não corra atrás deles. Compreenda que são como hóspedes que vêm e vão.
3. Apoiar-se em um mantra, que são palavras em sânscrito, sons vibratórios
Você pode se sentar em uma cadeira, com os pés no chão, com a coluna alinhada. Ou, pode se sentar no chão, sobre uma almofada, com as pernas cruzadas.
Feche os olhos e repita mentalmente um mantra.
Existem vários mantras como o mantra Om, Om Namah Shivaya, So ‘Ham. (clique aqui).
Você pode repetir o mantra como se falasse mentalmente sem observar a respiração. Ou pode observar a respiração e repetir o mantra quando inspira e expira.
Você pode também meditar em uma frase de uma oração, como:” Senhor fazei de mim instrumento de você paz.”. Ou outra frase curta de uma oração que você goste.
4. Meditação deitado
Você pode meditar deitado, observando a respiração, repetindo mentalmente o mantra SO’HAM.
Sem fazer nada para respirar, apenas perceba o fluxo natural da respiração.
Ao expirar repita mentalmente SO, ao inspirar repita mentalmente HAM.
Essa meditação ajuda a dormir melhor, dissolve a inquietação, conduzindo a mente para níveis muito calmos.
Entenda algo muito importante: Quando você senta para meditar com um mantra, vários pensamentos surgem em sua mente, pensamentos bons ou não, pensamentos de passado ou do futuro. Quem medita perde o mantra várias e várias vezes, e retorna ao mantra quando percebe que se dispersou.
Pacientemente, você volta para o mantra, para o nome de Deus. Ao meditar, você pratica a perseverança e a paciência.
Com a prática regular, a turbulência da mente vai cessando e você começa a experimentar estados de tranquilidade, pois as ondas cerebrais e mentais vão se acalmando.
Sei que você gostaria de uma fórmula mágica, uma técnica, algo especial para simplesmente ser feliz, realizar seus sonhos, afastar suas dificuldades e o estresse.
Isso existe sim, mas não como uma varinha de condão. Existe na perseverança das práticas do yoga, na meditação regular, na vigilância de sua mente, na escolha de pensamentos positivos, nos atos de bondade, no serviço altruístico, feito com amor.
E como disse Baba Muktananda, um grande Mestre indiano: “Em meditação, a energia vital, o prana, se torna constante e seu corpo é livre de doenças e é purificado. Através da meditação, você fortalece o corpo e dorme um alegre sono. A paz é o fruto da meditação.”
Se você tem dores crônicas, medite para que as sensações dolorosas se tornem mais brandas e sua mente adquira mais resiliência, mais aceitação e superação.
Se você se sente deprimido, triste, preocupado, medite e perceba como vai se sentir mais entusiasmado, mais confiante, mais saudável. Namastê! Deus em mim saúda Deus em você”. Fique em paz!