por Patrícia Gebrim
Você consegue confiar na vida, plenamente e tanto a ponto de soltar os controles?
A maioria de nós ainda não consegue fazer isso. Não aprendemos. Sempre tivemos a sensação de que precisávamos ficar constantemente atentos para evitar a dor. Nossa falta de entendimento do funcionamento da vida nos levou a acreditar que existem experiências que são positivas, enquanto outras são negativas e devem ser evitadas a qualquer custo.
Sem compreender a natureza magnética de nossa alma, que atrai em nossa direção exatamente o que necessitamos para dar os passos necessários para nossa evolução, não aprendemos a aceitar tudo o que venha de braços abertos, dispostos a colher os frutos plantados em nosso caminho, dispostos a aceitar os desafios e aprender quando necessário, gratos pela oportunidade de crescer.
Assim, constritos pelo medo de sofrer, pelo medo de que as coisas não aconteçam exatamente como infantilmente acreditamos que devam acontecer, fomos nos tornando menos do que somos, e fomos tornando nossa vida menor do que poderia ser, empobrecida, limitada a um espaço pequeno o suficiente para que tenhamos a ilusão de que a temos sob controle. Nos esforçamos para segurar as rédeas, sem nos dar conta de que não temos força para conter a vida.
Ouçam com atenção. Não podemos controlar a vida, forçá-la a seguir para onde acreditamos que deva seguir. E se insistirmos em aprisioná-la em nossos calabouços, feitos de crenças e desejos do ego, tudo aquilo que tentamos represar um dia se libertará e se derramará sobre nós. E a vida, como uma enxurrada indomável que carrega tudo o que encontra em seu caminho, nos mostrará, na prática, que não há como evitar seu livre fluir.
Muito mais sábio seria nadar por seus rios por livre vontade, em harmonia com as correntes, desfrutando dessa oportunidade única de viver com leveza. Muito mais sábio entregar-se do que ser forçado a seguir pela enxurrada que não se permite aprisionar.
Isso não significa que não tenhamos escolha alguma. Imagine a si mesmo fluindo por um rio. Você pode nadar de um lado para outro, pode parar para descansar pelo caminho, pode colher frutos que nascem às margens, pode mergulhar, plantar flores que embelezem a paisagem, pode saltar em cachoeiras e o melhor de tudo, pode brincar!
A única coisa que talvez não lhe traga alegria seria querer nadar contra a correnteza e passar a lutar contra o rio.
O rio não é seu inimigo. Não estamos aqui para lutar. Estamos aqui para desfrutar, para criar, para brincarmos nessa linda aventura que é a vida.
Eu sei que não é fácil, mas tudo é uma questão de escolha. Talvez um dia, com as mãos sangrando de tanto tentar se agarrar, com os músculos doloridos e exaustos de tanto nadar contra a correnteza, talvez nesse dia você possa fazer uma escolha diferente e arriscar confiar. Confiar no rio, na vida, na harmonia que existe por trás de qualquer caos aparente. O caos é uma ilusão. A desordem é uma ilusão. Tudo pulsa e flui em perfeita harmonia e a única coisa que você precisa fazer para se conectar a isso é parar de tentar fazer algo. Parar de se esforçar.
Seja simples e permita-se fluir na doce correnteza da vida. Solte-se, como se você fosse uma flor, leve, confiante, flutuando pelo rio, sendo levada de volta para casa.