Traição: é possível voltar a confiar no outro?

E-mail enviado por um leitor: 

“Descobri que minha noiva me traiu. Ela confessou tudo. Senti-me destruído e, após cinco meses da traição, ainda não consegui recuperar minha confiança nela. O que devo fazer?”

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Resposta: Confiança rompida em relacionamento amoroso deixa marcas sim. E, como um vaso quebrado, jamais voltará a ser o que era.

É importante questionarmos, porém, o que significa a confiança que depositamos em alguém que quase não conhecemos. Sim, porque no início de um namoro, pouco sabemos sobre a pessoa em quem depositamos essa confiança. Confiamos e pronto. Queremos acreditar que essa pessoa só tem qualidades, porque estamos apaixonados. Queremos acreditar que essa pessoa não nos trairá, porque estamos apaixonados.

Com o passar do tempo e aquisição de um conhecimento mais aprofundado, começamos a perceber quem é de fato a pessoa com quem convivemos.  E, fatalmente, em algum momento, nos sentiremos “traídos” por aquela pessoa que acreditávamos que era de um jeito e revela ser de outro. Talvez essa seja a primeira das muitas traições pelas quais as pessoas envolvidas amorosamente passam.

Até onde você tolera desmistificar o ser amado? 

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Num sentido mais amplo, traições sempre acontecerão. E cabe a cada um dos envolvidos avaliar, de forma realista, qual é seu grau de tolerância para com a desmistificação do ser amado quando ela começa a acontecer.

É claro que existem “traições” e “traições”. Você diz que descobriu que sua noiva o traiu e resolveu continuar com ela assim mesmo. O problema é que você quer que a relação volte ao que era; é como se quisesse conseguir apagar esse episódio do relacionamento de vocês e começar tudo de novo.

Não, como já foi dito, decepções deixam marcas que podem ser atenuadas, mas jamais apagadas.  Então, talvez o melhor seja incluir a decepção na história de vocês e tentar entendê-la melhor. Por que será que ela traiu? Por uma necessidade dela? Por algo que você fez ou deixou de fazer? Por uma oportunidade? Sim, é melhor esclarecer o ocorrido do que fingir que não aconteceu. Mesmo que esse processo seja dolorido, uma vez que você optou por entrar na vida pessoal dela sem pedir licença, é sensato que possa extrair dessa “invasão” respostas que o ajudem a decidir se vale ou não vale continuar esse vínculo.

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Avalie se vale a pena continuar a relação

Converse com ela, agora abertamente, sobre como ela vê o vínculo amoroso com você. Tente entender quais são suas características positivas e negativas aos olhos dela. Certamente, manter as características positivas é algo que está ao seu alcance. Agora, mudar comportamentos ou pensamentos que estão profundamente enraizados em você, para agradá-la, é difícil. Assim, dependendo do que ela espera de você, talvez nem adiante ficar tentando agradar, porque você pode não conseguir. Faça essa análise e veja se vale a pena continuar investindo na relação.

Embora ela tenha confessado a traição, nada garante que ela não fará novamente. Talvez ela ainda não se sinta realizada, em termos de relacionamentos pessoais, para encarar uma vida com um único companheiro; talvez ela se sinta atraída por novas aventuras e o que você propõe é uma vida estável.

Enfim, evitando julgamentos morais, existem pessoas que se satisfazem com o que têm e outras que estão sempre procurando algo novo. Tente entender a que grupo pertence sua namorada.

Como prosseguir com o relacionamento após a traição    

É claro que, com o tempo, as coisas podem melhorar entre vocês. Depende do esforço e da vontade de ambos de encararem o relacionamento amoroso como ele realmente é, e não como vocês gostariam que fosse; depende da capacidade de ambos de não apenas perdoar os erros dos outros, mas aprender a respeitar e apreciar verdadeiramente a pessoa com quem convivem.  Isso depende de um esforço conjunto para que se desenvolva entre ambos uma cumplicidade tão genuína, que ninguém sinta necessidade de invadir a vida do outro para descobrir o que ele faz quando está longe.

Enfim, num relacionamento saudável e verdadeiro os deslizes não podem servir de ponto de partida para a continuidade da relação. Devem ser vistos como algo inerente a todos os seres humanos e não como pecados imperdoáveis. Mas é claro que nem todos conseguem chegar a esse ponto. Será que você consegue? A resposta a essa pergunta pode ser a chave para a resolução do conflito em que você se encontra.