por Antonio Carlos Amador
Quando as pessoas se divorciam surge, muitas vezes, um sentimento de culpa que é expresso por uma grande agressividade e pela tendência de responsabilizar o parceiro pelo fracasso.
O problema é que muitos cônjuges têm a impressão de haverem sofrido uma violência por parte de alguém que os enganou e, por covardia, fez o jogo do casal estável. Quando subitamente encontram a coragem para romper a relação isso ocorre de maneira precária. Então uma das partes age de maneira mais brusca e a outra acha que foi pega desprevenida. Nessas situações, onde cada um se sente afetivamente ferido e tem dificuldade de controlar o desejo de vingança, é preciso ter cautela para não piorar as coisas.
Tudo poderia ficar mais fácil se tivessem a coragem de reconhecer a falta de entrosamento do casal e a impossibilidade de encontrar um espaço de compreensão mútua. Seria importante numa separação poder refletir, estar sozinho consigo mesmo para fazer um balanço. O essencial seria separar-se nas melhores condições, preservando o interesse e a integridade dos filhos.
Uma dificuldade enfrentada por casais que se divorciam é como a separação, o rompimento do casal repercute no imaginário dos filhos, sejam crianças ou adolescentes. Mesmo antes da separação eles sentem negativamente os efeitos do clima instaurado em casa. As discussões, as tensões e os traumas que isso envolve é mais difícil para um casal com filhos. É quase que inevitável que eles vivam a separação com mais dificuldades que os outros casais sem filhos. Basta lembrar que terão sempre compromissos que os obrigarão a manter contato depois do divórcio, que depois da sua opção outras pessoas serão envolvidas na mudança e as interações familiares se tornarão mais complexas.
Uma outra questão é o fato dos filhos ficarem isolados na família, em geral confiados à mãe, outras vezes ao pai. A separação dos pais é muitas vezes vivida com grande culpa principalmente pelas crianças, como se uma parte da responsabilidade coubesse a elas, como se fossem as causadoras dessa ruptura. Se os filhos vivem essa separação com tal inquietação interior talvez seja porque os pais não permitiram que se situassem bem nessa ruptura.
Um divórcio, uma separação é uma fase bastante difícil. De certa maneira é uma constatação de fracasso. No plano afetivo é um período particularmente delicado. A primeira coisa que pode ser dita aos filhos é que é melhor separar-se do que viver numa relação que não funciona e que lhes mostra uma imagem negativa do que é o amor. Eles irão compreender isso muito bem, pois é difícil para um casal fingir o tempo todo.
Também é preciso saber explicar aos filhos que eles não são a causa do divórcio, que isso é problema do casal e é ele que deve resolvê-lo.
Além disso é importante lembrar aos filhos que eles nasceram de uma relação amorosa entre seu pai e sua mãe e que estes últimos não os abandonarão apesar de separados.