Por Samanta Obadia
A inocência do meu amado povo brasileiro me assusta e me comove. Em poucas palavras, durante as eleições de 2018, observei o quanto é frágil o pensar de minha gente.
Conversando com muitas pessoas, que tiveram menos oportunidades de chegar ao conhecimento, percebi sua grande dificuldade em fazer conexões coerentes e bem fundamentadas. Há pouca ou nenhuma investigação na maioria dos casos, e pouco interesse real na política como poder de participação no espaço público.
Diante desse olhar, me veio o sentimento profundo de compaixão por essas pessoas tão facilmente manipuladas, uma vontade de protegê-las e de alertá-las, como faço com meus alunos em sala de aula. Sempre mantendo a cautela de ensiná-los a pensar por si mesmos, sem deixar que queiram seguir o que eu penso.
Na verdade, esse é um exercício meu: o de não expor minhas escolhas pessoais para não direcionar o olhar do outro. Para isso, é preciso abrir mão da própria certeza e vaidade, ao saber que a minha escolha tem seus limites em minha história pessoal, e que o outro pode ampliar o seu pensamento ainda mais que eu.
Contudo, ajudá-lo a perceber que a autonomia de um pensar coerente ampliada pela distância emocional e fundamentada num bom estudo da realidade que nos cerca, é o caminho para a sabedoria intuitiva do que pode ser o melhor para todos.
A razão também deve estar no tribunal, como diria Immanuel Kant, e o que eu escolho para o outro, seja o que eu escolho para mim, em todo tempo e lugar.
Um coração deve estar pulsando para fazer circular o sangue do cérebro aos pés.