por Nicole Witek
Hoje em dia podemos observar um grande crescimento do interesse no que diz respeito ao equilíbrio psíquico como forma de alcançar a saúde e a eficiência física.
*Atleta que treina yoga tem mais facilidade para concentrar e relaxar
A maioria dos atletas aponta que o sucesso na performance depende da mente. O que se percebe é que a competição esportiva leva o atleta a um estresse tremendo, que sabota o desempenho físico. E é evidente que o plano psíquico interfere no plano físico. Onde está o antídoto para tal situação? Infelizmente não se encontra nem na pedagogia, e tão pouco na educação física, como é transmitida hoje no Ocidente.
Portanto, é necessário voltar a atenção para recursos diferentes, para métodos que promovam uma integração balanceada: equilíbrio físico e psíquico.
Centros de pesquisa estão florescendo no mundo inteiro e, quer seja na Índia ou nos Estados Unidos, cientistas de diferentes áreas estão pesquisando o yoga para entender como o yoga influi na saúde.
Já chegaram à conclusão que as práticas mais importantes são as que facilitam a concentração mental, como exemplo, o relaxamento e os exercícios de respiração. Com essas práticas é possível realizar o controle consciente do sistema nervoso autônomo. Memorize bem esse paradoxo: dá para controlar um sistema que geralmente funciona sozinho… Independente de nossa vontade. Além do controle consciente do sistema autônomo ou vegetativo, é possível também gerenciar melhor os planos emocionais e afetivos de nosso ser.
É essencial treinar dinâmica entre relaxamento e concentração
O essencial na prática de yoga, mesmo que não seja o mais visível, é o treino da dupla relaxamento-concentração.
Eu insisto pesadamente nesse conceito! Através da permanência durante as práticas físicas, o foco se volta inteiramente para o domínio da mente e para a aplicação do seu verdadeiro poder para disciplinar corpo e mente, e os submeter às suas necessidades do momento. Não são mais nem o corpo e nem as emoções que dirigem. Quem dirija é você mesmo.
No yoga, a cada postura usamos técnicas especificas de respiração. Geralmente ritmadas e lentas. O que se procura com isso é atingir um estado de neutralidade psíquica e de descontração muscular absoluta. Dentro da postura, será imprescindível uma permanência (ficar algum tempo imóvel na mesma postura) para relaxar os grupos musculares que não estão sendo usados para a permanência. Será necessário separar, graças às percepções intimas o que está tencionado do que está relaxado. Desta forma, partimos do corpo para trabalhar a concentração mental e isso é genial.
Lembro a você leitor, que o objetivo fundamental do yoga é atingir um estado de integração total. Podemos saber quando atingimos um estado de equilíbrio fisiológico seguindo o caminho das sensações. Sensações que poucas pessoas já experimentaram e que deixam os novos praticantes perplexos com o novo registro de percepção que alcançaram. Existe nesse momento de relaxamento/concentração mental uma integração entre o meio ambiente externo e o meio ambiente interno.
Resumindo: o que acontece é um processo psiconeurofisiológico de integração, que só pode ser obtido aplicando “protocolos” do yoga.
Ou, para ser menos técnica: existe uma união do corpo e de seu funcionamento, com o cérebro que é usado pela mente e pelo espírito, que recebe as informações. Finalmente as modificações acontecem na profundidade do ser. Como? Ainda restam interrogações e questionamentos que até hoje ninguém consegue responder totalmente.
O que podemos provar é que, as técnicas devidamente aplicadas, reduzem tremendamente as perturbações emocionais associadas às atividades do meio externo. Em consequência, as reações motoras ligadas aos estados emocionais se tornam mais suaves. As funções cognitivas e motoras são “domadas”, graças a certos estados mentais controlados pela concentração.
Graças a novas tecnologias, que tornaram possível monitorar a atividade do cérebro, sabemos que a concentração mental desperta as áreas do cérebro que levam à modificação das conexões neuronais e confirmam a plasticidade do cérebro. Com a prática concentrada, podem-se realizar, conscientemente, modificações neuronais, que terão impacto sobre o corpo físico e o “externo”.
Portanto, chegamos à conclusão de que o atleta que treina yoga apresenta facilidade maior para entrar em estado de relaxamento. Já é comprovado que esse estado reduz a fadiga decorrente dos esforços esportivos ainda, e ao mesmo tempo, permite um controle melhor sobre a mente e as emoções.
Porém, é interessante apontar que o treino do relaxamento e da concentração, aliado à visualização e meditação correta, produz uma modificação em um nível “anterior” à sua manifestação no plano físico. Um atleta precisa estar bem preparado fisicamente para uma competição, mas o preparo mental fará toda a diferença.
Falar em “educação física”, no sentido literal da palavra, é propor técnicas que abrangem o ser como um todo. As técnicas que vem do Oriente sempre tiveram a preocupação de integrar o homem ao meio ambiente e de revelar seu potencial. Seria fantástico se nossos formadores e educadores pudessem transmitir o domínio mental e psíquico na formação dos atletas da nova geração e de seres humanos mais completos, mais felizes!
*Roberto Souza: professor de yoga e de educação física
Bibliografia
Revue Yoga no.97 André Van LysebethTadeuz Pasek e Wieslaw Romanoswski
Academia de educação física de Varsovia