Por Emilce Shrividya Starling
Segundo a Filosofia do Yoga, a paciência é uma prática espiritual. Viemos a esse planeta para desenvolver a virtude da paciência. É uma grande lição a ser aprendida nesse mundo.
Ao aprendermos essa grande virtude, nós nos aprimoramos e amadurecemos. A paciência mostra a maturidade ou imaturidade de uma pessoa. Para atingirmos o amadurecimento espiritual, precisamos ter superação diante das dificuldades, aceitação da vida, coragem, força mental e emocional nos obstáculos, e muita fé em Deus. E, sempre ter paciência.
Quando cultivamos a paciência, outras boas qualidades são manifestadas como tolerância, bondade, firmeza, persistência. Todas elas possuem uma coisa em comum: representam diferentes aspectos da paciência.
Paciência não significa passividade, resignação ou omissão. Não é esperar o momento oportuno para agir ou esperar até que algo melhor aconteça. Ser paciente é adquirir a força interior de não perder a calma e o controle sobre si mesmo. É ser forte o suficiente para não se irritar ou se perturbar por causa das pessoas ou dos acontecimentos.
É alcançar o autodomínio sobre a mente e se libertar dos pensamentos limitantes e submissos. É não subjulgar sua sabedoria e bom senso à opinião dos outros. Não é ser fraco nem passivo. É ser firme, corajoso, tolerante, perseverante e sereno. Na medida em que vamos nos tornando pacientes, alcançamos liberdade e força interior.
Para cultivar a paciência, não podemos nos prender a confusões, trivialidades, brigas e disputas. Precisamos nos libertar do orgulho e apego. Temos que ser amáveis e bons agora, neste momento. Não podemos ficar esperando para sermos bons ou gentis quando tudo estiver indo bem.
Pare agora por uns instantes e contemple:
Por que perco a paciência?
O que me faz perder a paciência comigo mesmo? Com as outras pessoas? Com as situações?
Por que perco a paciência em meu trabalho e nas atividades cotidianas?
Por que me irrito facilmente com meus familiares?
Sou perfeccionista? Exijo perfeição nas outras pessoas? Sou intolerante com os erros dos outros?
Será que tenho desejos disfarçados e noções preconcebidas sobre a hora em que as coisas deveriam acontecer?
Será que tenho um calendário determinado em minha mente de quando devo alcançar minhas metas?
Fico impaciente quando minhas expectativas não são correspondidas?
Fico com raiva quando meus desejos são contrariados?
Precisamos entender que buscar um objetivo apegando-se a um resultado desejado, provoca impaciência. Quando nossos desejos são frustrados, perdemos a paciência.
A Bhagavad Gita, a escritura sagrada do Yoga, diz que o desejo não realizado leva à raiva. É um ensinamento muito profundo e difícil de dominar. A impaciência tem um vinculo com o desejo e afinidade com a raiva. Portanto, a paciência é usada para cultivar a paciência.
Devemos perceber quando nos apressamos demoramos até mais. Ficamos ansiosos e podemos tropeçar, quebrar objetos ou nos machucar. A impaciência nos deixa fora de si. Por isso os sábios exaltam muito a paciência e não gostam da pressa.
Quando somos pacientes, saboreamos os aspectos agradáveis dos acontecimentos e descobrimos a beleza nas coisas simples da vida. Nossas tarefas se tornam mais significativas e aprendemos a fazer nossas atividades com calma e boa vontade.
Muitos pais se queixam que os filhos pequenos são muito travessos e querem que eles se comportem como adultos. Mas a hora das crianças brincarem e fazerem travessuras é agora. Se não puderem ser travessas aos quatro anos, quando poderão ser?
Do mesmo modo, ao exercitar a paciência, temos que permitir que as coisas se desenvolvam em seu próprio tempo e sem seu próprio passo. Precisamos estar cientes e atentos à raiva que é um obstáculo no caminho espiritual. Ela é nosso maior inimigo.
Se realmente aspiramos fazer progresso espiritual, a paciência é um hábito muito recomendável para cultivar. Não podemos esperar que a paciência venha até nós por ela mesma. Devemos aprender colocá-la em uso. Precisamos aprender a controlar nossos pensamentos, palavras e ações
.
É uma grande tarefa a ser conquistada. Permita-se sentir paciência quando medita, quando ouve as pessoas, quando faz seu trabalho e atividades diárias. Tenha paciência com seu corpo e com você mesmo. Seja paciente com as outras pessoas, não exigindo perfeição. Tenha mais tolerância e aceitação. Antes de falar, controle suas palavras e o tom como você fala. Seja gentil e experimente seu próprio bem-estar antes de agir e falar.
É comum sentirmos ansiedade para alcançar nossas metas e até para sentir paz interior e desenvolvimento espiritual. Mas essa ansiedade apenas nos afasta da serenidade e das boas qualidades.
O Yoga nos orienta a meditar para alcançar a tranquilidade e paciência: ”Meditação significa aplicar um freio em sua mente. Não é soltar o freio e deixar a mente disparar a toda a velocidade”. A meditação torna a mente paciente e estável.
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E pacientemente, medite e torne-se paciente e calmo.
Lembre-se de ter paciência. Relembrar-se da grandeza da paciência é, em si mesmo, um ato de paciência.
Namaste! Deus em mim agradece e saúda Deus em você! Fique em paz!