por Flávio Gikovate
Um conceito que utilizamos com frequência baseado mais no prazer da vaidade no que em sua real significação é em relação à palavra importante.
Essa é utilizada para se referir a pessoas que têm atividades “destacadas”. “Destacada” não tem a ver com a efetiva contribuição para o bem-estar social; significa ser muito conhecido (celebridade!) – reconhecido por muitas pessoas, olhado com admiração por milhares de criaturas anônimas. E significa também ser rico, desfilar com roupas e carros que chamam a atenção e ser tratado com deferência por ter esses poderes.
Segundo esse critério de importância, ou seja, ser conhecido, reconhecido, admirado e temido, um político corrupto, por exemplo, é uma pessoa importante. Segundo o mesmo critério, um professor de ensino médio que forma a mentalidade de novas gerações não tem importância alguma.
De um modo geral, as atividades “importantes” são bem remuneradas e as “sem importância” não. Esse pode ser um indicador para sabermos o que uma dada comunidade (ou sociedade) valoriza e admira ou o que ela despreza.
Esse exemplo nos mostra como o conceito de “importância” se afasta da noção de utilidade social da função e se aproxima do fato de uma pessoa ser assim considerada apenas em virtude de ocupar um cargo pouco comum.
Ou seja, o conceito fica associado apenas à capacidade de chamar a atenção. E é evidente que as peculiaridades mais raras são as que mais atraem olhares – nem tão raras assim, já que muita gente quer se tornar celebridade da noite para o dia.
Em qualquer país há mais professores do que deputados e, pelo modo de funcionar da razão contaminada pela vaidade, deputado é mais importante do que professor. E será assim, mesmo se o professor for uma pessoa com uma atividade efetivamente mais útil.
Através de conceitos desse tipo, a razão fica colorida de juízos de valor e passa a competir com outros julgamentos mais sofisticados. Mas isso é assunto para o próximo texto. Até lá!