por Flávio Gikovate
"A questão do trabalho como meio de sobrevivência fica cada vez mais submersa nesse emaranhado racional e absurdo. O conceito do trabalho como atividade intrigante e estimulante, como busca de aprimoramentos intrínsecos se apaga"
No artigo anterior, expliquei por que o carro é o bem que mais tem poder de satisfazer a vaidade – veja aqui.
Isso mostra como a produção deixa de ser apenas a de bens necessários à boa qualidade de vida, mas como essa se dirige para produtos que chamam a atenção sobre os privilegiados que a eles tiveram acesso.
Assim, a natural tendência para certas desigualdades sociais que favorece os mais privilegiados se agrava: algumas pessoas têm de sobra e para a maioria vai faltar o indispensável.
A competitividade se torna máxima e gira em torno de objetos não essenciais, ou seja, dispensáveis à existência, como joias, roupas caras, carros de luxo…
O bom senso se perde cada vez mais e a ânsia de notoriedade e de usufruto do prazer exibicionista ultrapassa todo tipo de reflexão lógica.
A inquietação dos vencedores cresce cada vez mais, pois nada os sacia na busca de novos destaques. A inquietação dos perdedores também é crescente, pois a inveja não lhes dá sossego.
A questão do trabalho como meio de sobrevivência fica cada vez mais submersa nesse emaranhado racional e absurdo. O conceito do trabalho como atividade intrigante e estimulante, como busca de aprimoramentos intrínsecos se apaga. Dessa forma, o que se faz não leva em conta o sentido saudável inerente ao trabalho, o que interessa é apenas a recompensa material transformada em prazer exibicionista.