por Patricia Gebrim
Quem nunca erra?
Se nascemos sem saber de tudo, é esperado que o erro seja uma constante em nossa vida. Fico me perguntando por que motivo as pessoas têm tanta dificuldade em aceitar isso. Agem como se precisassem acertar sempre. Muitas vezes evitam tomar decisões, por medo de cometer um erro e assim delegam a outros decisões que deveriam vir da parte mais profunda de seu próprio ser.
Uma das maiores responsáveis por nossa infelicidade é essa nossa mania de colocar nossa vida nas mãos de outro alguém. Como se fôssemos crianças, deixamos de assumir responsabilidade por nossas escolhas, deixamos de fazer por nós mesmos o que é necessário e perdemos o que temos de mais valioso: nosso tempo de vida, cada precioso segundo que se vai e não volta mais.
Desprezamos nossa intuição, que nos diz o tempo todo para onde ir, e ficamos lá, teimosamente, esperando que alguém decida por nós.
Que poder é esse que colocamos nas mãos das outras pessoas? O poder de decidir nosso caminho, fazendo escolhas por nós. O poder de nos fazer sentir bem ou mal, felizes ou infelizes, com valor ou sem valor. Algo deve estar errado nessa equação. Não é possível que seja o outro quem determina quem somos. Se o outro nos elogia, ganhamos o dia, nos sentimos majestosos como príncipes e princesas. Mas se o outro nos critica, voltamos para casa derrotados, nos arrastando como se fossemos um cobertor velho, sujo e cheio de buracos. Não é possível que tenha que ser assim.
A verdade é que precisamos crescer. Amadurecer. Virar gente grande. Assumir responsabilidade por nossas falhas e acertos. Parar de nos esconder atrás das opiniões alheias, parar de esperar ou permitir que o olhar do outro nos defina. Parar de permitir que as palavras dos outros nos guiem. Precisamos ser corajosos o suficiente para cometer nossos próprios erros e nos responsabilizar por eles, precisamos ser ousados o suficiente para escolher nosso próprio caminho. Precisamos aprender a cuidar de nós mesmos, o melhor que pudermos.
Se algo o está deixando infeliz, mude. Cresça. Enfrente o novo. Se acredita de verdade na voz que vem de dentro de você, aprenda a ficar surdo e cego para o que vem de fora. Banque a si mesmo, mesmo que no final se descubra cometendo enganos. Precisamos ter o direito de cometer nossos próprios erros, afinal é assim que nos tornamos pessoas melhores, mais sábias e mais interessantes.
Errar é descobrir algo que não sabíamos antes. Nos torna mais sábios. Não é algo ruim, se encararmos dessa forma, se utilizarmos a experiência do erro para lapidar nosso ser.
Só as pessoas medíocres nunca erram, talvez porque nunca arrisquem dar passo algum por si mesmas. Pessoas assim evitam a riqueza dos amplos espaços abertos feitos de vida, preferem vivem em cubículos controláveis, pequenos a ponto de nunca correrem o risco de se perderem nele. Acho triste viver assim. Acho triste uma criança que chega impecável ao final da festa, sem um fio do cabelo fora do lugar, sem um brigadeiro amassado grudado na roupa, sem um roxinho sequer no joelho.
Quando somos crianças acreditamos que existe alguém fora de nós, uma espécie de super-herói, capaz de nos conduzir em segurança pela vida. Entregamos a esse alguém as nossas decisões. Mas o tempo passa, nós crescemos, nos tornamos adultos e precisamos reivindicar o nosso direito de fazer nossas próprias escolhas.
A partir de certo momento de nossas vidas, precisamos compreender que ninguém pode ser responsável por nós. Nem nossos pais, nem nossos parceiros afetivos, nem nossos amigos, professores, líderes espirituais ou quem quer que seja. Ouvir opiniões e considerá-las é uma coisa. Mas esconder-se por trás das palavras dos outros e deixar de decidir nossa própria vida, é outra.
Esqueça aquele maldito livro de regras, de certos e errados.
Ouça:
– Por mais que uma pessoa o ame, ela não poderá decidir sua vida por você. Erre. Deliciosamente. Intensamente. Sem medo. Conscientemente.
Não leve tudo tão a sério. Divirta-se. Eu lhe garanto. Nada vai levá-lo mais em direção aos acertos do que cometer seus próprios erros e aprender com eles.