Pressão alta: saiba como conviver bem com ela

por Jocelem Salgado

Neste 26 de abril comemora-se o Dia Nacional de Combate à Hipertensão Arterial. A hipertensão arterial sistêmica é uma doença crônica não transmissível de poucas manifestações clínicas em suas fases iniciais e fator de risco importante para o desenvolvimento de acidente vascular cerebral (AVC), coronariopatias (doenças do coração), entre outras patologias.

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Ocorre quando a pressão exercida pelo sangue em movimento na parede das artérias é muito forte, ficando acima dos valores normais. As artérias são vasos que saem do coração e levam o sangue oxigenado com nutrientes para todas as células do nosso organismo. Um indivíduo pode ser considerado hipertenso quando sua pressão arterial máxima ficar igual ou maior a 14 (140mmHg) e a pressão arterial mínima igual ou maior a 9 (90mmHg).

Entretanto, podemos afirmar que o ideal é mantermos a pressão arterial máxima em 12 (120mmHg) e a mínima em 8 (80mmHg), a famosa medida 12×8. A partir desses níveis a pressão alta começa a causar alterações em órgãos importantes do nosso organismo, como coração, cérebro, artérias, olhos e rins. Capaz de aumentar em até três vezes a possibilidade de infarto e em até sete vezes a de derrame, a hipertensão constitui-se num grave fator de risco para o aparecimento de doenças cardiovasculares. Estima-se hoje que 15% da população brasileira sofre desse mal, cuja ocorrência pode ser elevada com a obesidade, uso excessivo de sal e outros componentes presentes na dieta.

Vários estudos têm demonstrado que o controle da hipertensão arterial reduz significativamente a morbidade e a mortalidade. A maioria deles sugere que o paciente hipertenso se conscientize de que a hipertensão não é curável, mas apenas controlável, o que fará com que se sinta muito mais motivado a tratar-se. É muito comum, por exemplo, que o hipertenso por não ter sintoma algum da doença, resista em tomar medicações. Esta "inimiga silenciosa" aumenta também o risco da pessoa ter um infarto do miocárdio, derrame, insuficiência cardíaca, insuficiência renal e comprometimento por lesões na retina.

Embora não se possa determinar nenhuma causa específica para a hipertensão, sabe-se que diversos fatores podem contribuir para o seu aparecimento. O principal fator é "hereditário" (o indivíduo herda da família o risco de vir a desenvolver hipertensão). Além destes fatores de riscos incontroláveis, fatores ambientais podem aumentar a chance de instalação da hipertensão arterial. Alguns desses fatores ambientais são a ingestão excessiva de sal (acima de 6 gramas diárias), aumento de peso, sedentarismo, excesso de bebida alcoólica, estresse, tabagismo (fumo) e uso de alguns medicamentos. A quantidade de potássio, cálcio e magnésio, gordura, fibra e cafeína na dieta diária, tem efeito no controle da pressão sanguínea.

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Vários estudos comprovam que o consumo elevado de sódio é associado com uma alta prevalência de hipertensão e que, uma redução significativa na ingestão de sódio leva a uma queda na pressão sanguínea. Pacientes hipertensos tratados com drogas antihipertensivas podem ter suas dosagens diminuídas ou, até mesmo retiradas, quando aderem a uma dieta com restrição moderada de sódio.
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Após ser feito o diagnóstico de ser portador de pressão alta, o tratamento pode ser feito com medicamentos ou não, isso vai depender dos níveis de sua pressão arterial, do comprometimento ou não de determinados órgãos e da presença de outras doenças. Portanto, quem pode decidir isso é somente o seu médico.

Driblando a pressão alta

Você pode colaborar para o sucesso do tratamento modificando alguns de seus hábitos.

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Peso

O excesso de peso tem grande relação com o aumento da pressão, portanto, se você está com peso acima do normal, ou seja, índice de massa corpórea acima de 25 kg/m2, deve iniciar um programa de redução de peso no qual a ingestão de alimentos de baixo valor calórico deve ser a regra:

Para se calcular o índice de massa corpórea (IMC) usa-se a seguinte fórmula: Peso dividido pela altura ao quadrado: IMC = peso / (altura)2

IMC = peso (Kg)/altura x altura (m)

Ex: IMC = 98/ 1,75 x 1,75

IMC = 32 Kg/m2

Esse indivíduo precisa perder peso, ele está com o peso acima do normal.

O controle de peso é apontado como primeiro passo na prevenção e tratamento da hipertensão arterial.
Muitos estudos demonstram a relação entre massa corpórea e pressão arterial mostrando que, a frequência da hipertensão entre obesos é duas vezes maior do que entre os não obesos, e que, o ganho de peso é frequentemente associado com aumento da pressão arterial.

Fumo

O cigarro é o mais importante fator de risco, prevenível para doença cardiovascular, sendo responsável por 1 em cada 6 óbitos, pois a nicotina aumenta a pressão arterial e acelera a progressão da aterosclerose (depósito de gorduras nas paredes da artéria). Portanto, abandonar o tabagismo (ato de fumar) deve ser a primeira providência do hipertenso.

Sedentarismo

Abandone o sedentarismo. Passe a fazer uma caminhada regularmente de no mínimo 30 minutos todos os dias ou, pelo menos, quatro vezes por semana. Os melhores exercícios para os pacientes hipertensos são: caminhar, nadar, correr e andar de bicicleta. Exercícios como halterofilismo e musculação não são recomendados para hipertensos.
Estresse

Para cada pessoa as causas do estresse podem ser diferentes. O melhor a se fazer é se possível identificar o motivo que está gerando tensão e eliminá-lo. Na impossibilidade, deve-se "administrar" esse problema, através da maneira mais harmônica.

Atividades de lazer

Identifique uma atividade que lhe dê prazer, como ler um livro, pintar um quadro, bordar, participar de atividades sociais ou de grupos de relaxamento. Uma atividade desse tipo poderia ser muito positiva para uma vida normal. Coloque nessa atividade todas as suas energias.

Tratamento

Quando seu médico lhe prescreve um medicamento, você deve tomá-lo rigorosamente conforme foi prescrito, observando as doses, número de tomadas diárias e os horários, pois, se você não seguir as orientações de seu médico, com certeza os tratamentos não trarão os resultados esperados.

Nunca abandone o tratamento, ele é para o resto da vida. Pode ser que com o tempo você tome outro medicamento ou até mesmo lhe seja recomendado um tratamento sem medicamentos, mas isso é uma decisão que somente seu médico poderá tomar.

O tratamento estará mantendo ou melhorando sua qualidade de vida. Portanto, segui-lo corretamente significa viver mais.

Lembre-se do consagrado ditado chinês: "Tenha coragem para mudar o que pode ser mudado, paciência para aceitar o que não pode se mudado e sabedoria para diferenciar uma coisa da outra".

A dieta para quem tem pressão alta

Sal: Diminuir o sal da comida, nunca ultrapassar 6 gramas por dia, ou seja, 1 colher das de chá para toda alimentação diária. Retire o saleiro da mesa e use temperos naturais como limão, cebola, alho e cheiro verde.

Gordura: A relação de ácido graxo polinsaturado/saturado na dieta pode afetar a pressão sanguínea. Em pacientes normais ou hipertensos moderados, um aumento na relação ácido graxo polinsaturado/saturado para 1 ou mais, em dietas com aproximadamente 25% de gordura, tem sido associado com queda na pressão sanguínea. Portanto, para manter essa relação evite gorduras de origem animal, de preferência para óleos vegetais principalmente azeite de oliva.

O mecanismo de ação dos ácidos graxos polinsaturados na pressão sanguínea parece estar associado ao metabolismo do ácido linoleico. Assim, é recomendado que os ácidos graxos saturados da dieta não devem exceder 10% do total energético e que, a gordura total corresponda somente a 20-30% do Valor Calórico Total.

Fibras: Muitos estudos têm sugerido que pode ocorrer uma queda na pressão arterial com o aumento da ingestão de fibras. Não se conhece o mecanismo desta ação mas, acredita-se que quando há um aumento na dieta de alimentos vegetais, consequentemente, há um aumento na ingestão de ácidos graxos polinsaturados, K e Mg que também tem efeito antihipertensivo.

Álcool: O consumo de álcool, apesar de promover um relaxamento, deve ser desencorajado, já que mesmo em pequenas doses ele promove uma elevação na pressão sanguínea. Por isso, para os homens o uso de bebidas destiladas (uisque, vodca, aguardente) não deve exceder 60 ml ao dia; o vinho não deve exceder 240 ml e a cerveja a 720 ml. Com relação as mulheres e pessoa de baixo peso a ingestão alcoólica não deve ultrapassar a metade da permitida para os homens.

Cafeína: A cafeína contida no café tem sido indicada como um possível agente hipertensivo. Esta, porém, pode elevar a pressão arterial apenas momentaneamente. Recomenda-se então, que os pacientes não tomem café uma hora antes da verificação de pressão arterial.