por Regina Wielenska
Uma história fictícia, mas não tanto assim, pode ilustrar meu ponto de vista. Imagine que uma criança está com problemas disciplinares na escola, e vira e mexe os pais são avisados do que se passa. Com firmeza e seriedade, pai e mãe levam uma conversa com o garoto, fazem sermão, explicam coisas, querem ouvir as razões do menino, uma falação que se repete a cada vez que chega advertência em casa. Tudo se repete.
Parece um jogo de cartas marcadas, a gente prevê direitinho a ordem dos fatos. Garoto apronta na escola, chega o bilhete da professora, e os pais dão bronca e fazem ameaças como: "Vai ficar sem videogame por uma semana se fizer de novo". Nada se resolve.
E se a escola e os pais fizessem um acordo diferente?
E se a professora consequenciasse com bilhetes de aprovação as ocasiões nas quais ocorressem comportamentos adequados, sinalizadores de progresso, e os pais demonstrassem em casa genuína alegria com as boas novas? Será que a situação se modificaria?
Esse exemplo, claro, é relativamente simplista, mas ilustra bem o fato de que as consequências geradas por um padrão de comportamento possuem tanto o poder de enfraquecer como de fortalecer esse modo de agir.
Há vezes em que se supõe que a bronca fosse suprimir as aprontações. Talvez, para esse garoto, seja até fortalecedor para o mau comportamento que os pais lhe ofereçam tanta atenção quando ele quebra regras da escola. O menino é sensível à atenção parental, e assim resta aos pais, neste caso, fazer parceria com a escola em busca de reconhecer comportamentos adequados, ainda que mínimos, para dar justa e suficiente atenção. Será que assim funcionaria melhor? A resposta só será obtida se sujeita a um teste empírico.
Há um artigo muito interessante, de autoria do professor Roosevelt Starling que bem discorre sobre esse ponto. Em um artigo escrito em "caipirês", ele nos ensina sobre a força das consequências, no caso a ênfase está depositada na relação de um casal. Sugiro que leiam, pode ajudar cada um a construir relacionamentos pautados mais em interações positivas do que em ameaças, chantagens e castigos. Eis aqui o link para:
"O antes, o do meio e o depois".