Por Dr. Joel Rennó Jr.
Resposta: Na adolescência: preocupações com relação ao corpo. Muitas delas se cobram pelo fato de não conseguir ter o corpo idealizado. Em geral seguir os padrões ditados por artistas e modelos. Muitas vezes seguem dietas perigosas se colocando em risco.
Outra queixa muito comum é sobre o fato da iniciação sexual e como agradar os parceiros.
O grupo de amigos, por vezes, vira motivo de angústia e dúvidas, pois é comum que se sintam na obrigação de seguir os modismos para fazer parte da turma. Muitas vezes envolvem-se em problemas, como uso de drogas e outros estimulantes, não conseguindo se livrar depois.
Existe uma ansiedade, acho que ultimamente em menor grau, com relação à carreira que deseja seguir, projeto de vida, etc…
Vida adulta e meia-idade
Com relação à vida adulta e meia-idade, a queixa mais comum é a pressão causada pela tentativa de conciliar as tarefas domésticas com o trabalho e com o relacionamento matrimonial. A mulher ainda se sente muito solitária nesta tarefa, embora muitos parceiros já estejam engajados nos cuidados e responsabilidades da casa, dos filhos e do casamento. A mulher geralmente sente-se angústiada com o fato de ter uma jornada tripla.
Ainda nesta fase é comum que as mulheres sofram pressão da sociedade com relação ao fato de assumir uma relação estável, ou seja, casar e constituir família.
Algumas mulheres possuem queixas com relação à fertilidade e dúvidas sobre qual o melhor momento para engravidar.
Neste período de vida, na gravidez e no pós-parto podem ocorrer quadros psíquicos de depressão e ansiedade. Na perimenopausa (período anterior à menopausa, que se inicia cerca de cinco anos antes da mesma, sendo caracterizado por flutuações hormonais e sintomas físicos/psíquicos) também há uma maior vulnerabilidade a quadros psíquicos.
Terceira idade
Com relação à terceira idade, é comum as queixas em relação à pós-menopausa, e com o fato dos filhos, em geral, já terem saído de casa. Por sua vez, o marido está aposentado, compartilhando um dia-a-dia e se ocupando com coisas que antes não eram tão evidentes, o que por vezes gera irritação e desconforto. Algumas doenças clínicas da terceira idade e medicamentos também podem causar sintomas depressivos/ansiosos.
Quais os remédios que mais são receitados para resolver problemas de ansiedade?
Quais as vantagens e desvantagens dessas medicações? Ouço muitas amigas a respeito, todas temerosas com relação aos efeitos colaterais e dependência.
Os “remédios” incluem antidepressivos quando o diagnóstico correto de um transtorno mental é realizado pelo especialista, envolvendo quadros psiquiátricos de depressão, transtorno do pânico e outros transtornos de ansiedade, além de transtornos alimentares, insônia e associação de depressão com dor crônica. Antidepressivos, em geral, não causam problemas de dependência, porém, mesmo assim, seu uso requer acompanhamento médico.
Outra classe de medicamentos, incluem os benzodiazepínicos, conhecidos como ansiolíticos, “calmantes” ou “tranquilizantes” que devem ser utilizados com cuidados e indicação médica; já que têm o risco de causar dependência e prejuízos cognitivos (memória) no longo prazo. Devem ser utilizados em baixa dosagem e pelo menor tempo possível.
Se os calmantes forem utilizados de forma continuada e sem cautela, essas medicações podem provocar tolerância, dependência e abstinência; tríade que caracteriza aquilo que conhecemos como “vício” ( ou “adição”, como é tecnicamente denominada). A tolerância se desenvolve quando doses cada vez maiores são necessárias para obter o mesmo efeito que antes era obtido com doses menores. A abstinência é observável quando o indivíduo interrompe o uso (continuado e por períodos longos) da medicação e aparecem sintomas decorrentes da falta da substância no organismo. Tais sintomas constituem a chamada síndrome de abstinência dos benzodiazepínicos e incluem: ansiedade, irritabilidade, insônia, dor de cabeça, tremores, suores, tonturas, dificuldade de concentração, cãibras, depressão e até convulsões.
A tolerância às doses usuais e o aparecimento de sintomas na ausência da medicação, faz com que o indivíduo desenvolva um “comportamento de dependência”, caracterizado por uma necessidade constante de dispor da medicação, acompanhado de temor e sensação de incompletude sem a mesma, sentindo-se incapaz quando se vê privado dela.
É fundamental, portanto, que se tenha em mente que os benzodiazepínicos são medicações importantes, que têm seu lugar na prática médica, mas que, como todas as medicações, devem ser utilizados criteriosamente a favor da saúde física e mental do indivíduo; sem impedi-lo de desenvolver seus próprios mecanismos de adaptação às dificuldades inerentes ao curso da vida, e sem criar novos problemas para ele.
Como o senhor avalia o fato de algumas mulheres abusarem de remédios que são vendidos sem receita médica do tipo dorflex, tylenol, aspirina, buscopan e atroveran?
Resposta: Nas mulheres, quadros depressivos ou ansiosos podem vir acompanhados de dores musculares generalizadas e intensas, cólicas exacerbadas durante o fluxo menstrual, cefaléia (dor de cabeça), entre tantos sintomas álgicos. Sem dúvida, quando isso ocorre pode haver um abuso de remédios como os citados. Na questão das cefaléias, o uso abusivo de analgésicos pode levar a tolerância, ou seja, a pessoa pode não responder mais aos medicamentos utilizados, nas doses anteriores. O diagnóstico clínico preciso, através de uma anamnese detalhada, é fundamental. As pessoas não podem tratar apenas os sintomas, têm que buscar a origem dos mesmos, seja física ou psicossomática.
Atenção!
As respostas desta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um profissional de psiquiatria e não se caracterizam como sendo um atendimento