por Thaís Petroff
A frase acima é de Henry Ford. Todos temos crenças a respeito de nós mesmos, dos outros e do mundo. Elas influenciam fortemente a maneira pela qual as coisas acontecem em nossas vidas. Isso ocorre porque ao acreditarmos que algo é de determinada forma ou que ocorrerá de certa maneira, o transformamos em uma profecia e acabamos por concretizá-la efetivamente.
O sociólogo americano Robert K. Merton abordou esse tema em seu livro “Social Theory and Social Structure” (1949), discutindo o conceito e criando a expressão “profecia autorrealizável”. Pesquisou o comportamento e as consequências do mesmo, quando surge o boato de que um banco está em dificuldades. Percebeu que, embora a notícia não fosse verdadeira, acabava se tornando. O que ocorria é que, ao saber desse boato e acreditar em sua veracidade, os correntistas corriam para sacar todos os seus valores do banco e esse realmente falia.
O que podemos concluir dessa descrição é que, mesmo uma “definição falsa da situação, (…) suscita um novo comportamento e assim, faz com que a concepção originalmente falsa se torne verdadeira” (Merton, 1949).
Portanto, cada um deve estar ciente de toda a responsabilidade e poder que tem sobre sua própria vida e sobre as coisas que nela ocorrem. Tomemos, como exemplo, alguém que tenha a crença de ser um fracassado, ou seja, na prática acha que nunca terá sucesso em suas ações e projetos. Essa pessoa, por acreditar nessa ideia, comporta-se de acordo com ela. Em uma situação de trabalho, perde grandes oportunidades de aceitar desafios, pois crê que não dará conta dos mesmos, plasmando como consequência a estagnação de sua carreira. Sendo assim, ela reforça sua crença e torna-a cada dia mais real, pois analisa sua situação e percebe que realmente não tem sucesso profissional, sentindo-se cada vez mais fracassada.
A regra vale também para a vida afetiva. Uma pessoa ao acreditar que seus relacionamentos nunca darão certo, está fadada a ficar só. Ela tem comportamentos dentro de seu relacionamento, que tendem a minar a relação, o que acaba reforçando sua crença de ficar sempre só. E, no final das contas, poderá pensar: “Sabia que não daria certo!”
Todas essas crenças são faces de um autoboicote. Mas mais do que isso, são provas de que nós trabalhamos a favor de nós mesmos. Por mais conflitante ou paradoxal que tal afirmação possa parecer, ela pode ser explicada. Precisamos entender que estamos sempre certos. O que acreditamos é a nossa realidade e a nossa verdade e por isso, em última instância, estamos sempre certos, fazendo tudo para provar tal coisa – tanto para nós mesmos, quanto para os outros. Assim, ao termos uma crença, temos também uma previsão correspondente e, por assumi-la como verdadeira, trabalhamos a nosso favor, no sentido de torná-la realidade.
Por outro lado, imaginemos outra situação na qual um indivíduo crê em seu potencial e em sua habilidade para lidar e ter sucesso em diversas situações. Ele aceita convites para novas oportunidades profissionais, pois sabe que tirará proveito dessas e, de uma maneira ou outra, se sairá bem. Vai a uma festa mesmo sem acompanhante por acreditar que lá fará novas amizades. Arrisca-se em conversar com uma garota bonita por saber que conseguirá conduzir a conversa de maneira interessante.
Mais do que otimismo ou pessimismo essas situações demonstram como nós provamos a nós mesmos que nossas crenças estão corretas, ou seja, que estamos sempre certos. Concluindo, somos responsáveis pelo rumo de nossas vidas, pois somos nós que o definimos.