por Ricardo Arida
Vários estudos científicos têm mostrado os efeitos benéficos do exercício físico na epilepsia.
Esses efeitos positivos são observados após programas de exercícios aeróbios tanto em estudos com animais como em humanos. Estudos clínicos mostram que um programa de exercício aeróbio pode diminuir a frequência de crise na maioria das pessoas com epilepsia.
Estudos experimentais mostram que animais submetidos a um treinamento físico aeróbio apresentam uma menor suscetibidade às crises em relação aos animais sedentários.
Os mecanismos pelo qual o exercício aeróbio pode reduzir a frequência de crises têm sido grandemente investigados em diferentes modelos animais de epilepsia e, nesse sentido, alterações morfológicas, metabólicas e eletrofisiológicas têm sido observadas em animais treinados.
Além disso, estudos têm verificado se o exercício intenso (*anaeróbio) altera a suscetibilidade às crises em pessoas com epilepsia e, dos poucos estudos que exploraram este tópico, pessoas com epilepsia do lobo temporal não apresentaram crises durante e após o exercício físico progressivo até a exaustão (durante um teste ergométrico) ou durante o período de recuperação (Camilo et al., 2009; Vancini et al., 2010).
Ainda, em muitos desses indivíduos avaliados, foi observado um redução das alterações no EEG (eletroencefalograma) durante e após o esforço físico.
É importante salientar que as atividades praticadas nas academias e centros esportivos incluem além de atividade aeróbia, exercícios anaeróbios e *exercícios de força. Realmente, combinações de exercícios aeróbios e de força (também conhecido como treinamento de resistência ou de levantamento de peso) são essenciais na rotina dos programa de exercícios físicos.
Investigações científicas mostram que o treinamento de força melhora não somente a força muscular, mas melhora também a massa muscular e massa óssea, a flexibilidade, o equilíbrio dinâmico, o humor, a autoconfiança e a autoestima dos praticantes. Ainda, os sintomas de muitas doenças crônicas, tais como artrite, depressão, diabetes tipo-2 e da osteoporose podem ser reduzidos após um programa adequado de exercícios de força ou resistência muscular.
Embora os efeitos benéficos do exercício aeróbico na epilepsia sejam promissores, não está claro se o exercício de força pode oferecer benefícios semelhantes em indivíduos com epilepsia.
Neste sentido, um estudo experimental realizado no Departamento de Fisiologia da Universidade Federal de São Paulo analisou o efeito de um programa de treinamento de força na frequência de crises epilépticas em ratos com epilepsia usando o modelo de epilepsia do lobo temporal (Peixinho-Pena et al., 2012). Interessantemente, foi observada uma diminuição do número de crises em animais submetidos ao exercício de força. Esses achados demonstram que um programa de exercício de força exerce uma influência significativa na frequência de crises em animais com epilepsia e reforça os efeitos benéficos do exercício na epilepsia demonstrado em outros estudos.
Apesar de ser a primeira investigação experimental neste assunto, este resultado abre nova perspectiva da contribuição benéfica do exercício de força na epilepsia.
Mais investigações experimentais e clínicas são necessárias para confirmar e analisar como o exercício da força interfere na epilepsia.
* Um exercicio de força e intenso é anaeróbio. O exercicio anaeróbio pode ser de corrida intensa. Ex: corrida de 100 m; 400 m. nataçao de 50 m …
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Camilo F, Scorza FA, de Albuquerque M, Vancini RL, Cavalheiro EA, Arida RM. Evaluation of intense physical effort in subjects with temporal lobe epilepsy. Arq Neuropsiquiatr 2009;67:1007-12.
Vancini RL, de Lira CA, Scorza FA, de Albuquerque M, Sousa BS, de Lima C, Cavalheiro EA, da Silva AC, Arida RM. Cardiorespiratory and electroencephalographic responses to exhaustive acute physical exercise in people with temporal lobe epilepsy. Epilepsy Behav. 2010;19(3):504-8.
Peixinho-Pena LF, Fernandes J, de Almeida AA, Gomes FG, Cassilhas R, Venancio DP, de Mello MT, Scorza FA, Cavalheiro EA, Arida RM. A strength exercise program in rats with epilepsy is protective against seizures. Epilepsy Behav 2012;25(3):323-8.