por Regina Wielenska
Uma história de faz de conta, mas que acontece aos montes mundo afora. Maria se apaixonou pela exuberância de Marco. Ele é engraçado, a faz rir, o sujeito entende de tudo um pouco. Bonitão, falante, popular, estes e mais alguns atributos fizeram Maria cair de amores por ele. Passa um tempo, parece que o encantamento inicial perdeu força, ela começa a sentir um estranho desconforto com o amado. Seria ele o homem com quem ela gostaria de construir uma vida?
Ele continua lindo, cheio de graça, um sorriso transbordante, atrai a atenção de todos, qualquer mulher gostaria de se relacionar com ele… Então… como poderia ela estar na dúvida? Qual a origem do desgaste?
Ela se lembra de ter batido o carro e dele aparentemente a confortar, mas com piada sobre mulher ao volante. Maria se recorda também de ter avisado Marco de que teriam uma festa de amigos dela no mês seguinte, ela queria muito ir com ele. Na semana da festa, Maria fica sabendo que ele tem um jogo pra assistir com uns amigos. Disse não se lembrar dela tê-lo avisado da festa e mantém o jogo. Em pouco tempo ela consegue arrolar uma série de episódios similares, em comum, há o narcisismo, o descaso, a insensibilidade, o pensar apenas em si mesmo. Tudo vinha embrulhado em muito charme, o que mascarava o problema e confundia Maria.
Relacionar-se requer muitas habilidades: duas são particularmente importantes. Refiro-me a ser capaz de se expressar com clareza, assertividade e compaixão quando falar com o parceiro. Mas isso sozinho não basta. Precisamos ser igualmente capazes de ouvir o outro, com atenção e genuíno interesse.
O escritor e psicanalista Rubem Alves deixou um vasto legado e dois de seus escritos abordam de modo fascinante os aspectos críticos da comunicação no contexto do amor. O primeiro é Tênis X Frescobol, ele fez uso dos esportes para representar dois estilos de interação, um predominantemente parceiro, amoroso, e um outro, competitivo e voraz.
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O segundo artigo nos ensina sobre a importância do ouvir. Seu título, Escutatória, já nos diz tudo. Isto me fez lembrar de uma ONG muito importante chamada Centro de Valorização da Vida – CVV. O que eles oferecem, por telefone, e de forma anônima, é a atenta escuta de um voluntário treinado nesta arte. Foi assim que muitas vidas foram salvas por eles. Saber ouvir vale mais do que saber dizer palavras eloquentes.
Clique em http://www.rubemalves.com.br/site/10mais_03.php para ler Escutatória e depois me diga se os dois textos não parecem, em sua perfeita complementariedade, com a brasileiríssima dupla goiabada e queijo.