Da Redação
Tão importante quanto a saúde física é a mental. Muitos estudos já foram feitos comprovando a ligação direta entre as duas e o impacto da saúde mental no corpo. Mesmo assim, por que ainda preterimos uma em detrimento de outra? Por que não dedicamos à nossa mente o mesmo esforço e tempo que despendemos para o corpo e forma física?
No último relatório divulgado pela OMS, em março de 2017, o Brasil figurou entre os países com maior índice de ansiedade e depressão, e isso é alarmante.
É importante desmistificar a imagem negativa sobre assuntos relacionados à saúde mental.
Assim como exercícios físicos têm impacto positivo em questões cardiológicas, de circulação e ortopédicas, há muitos hábitos diários que podem reverberar de forma benéfica na saúde da nossa mente.
A psicóloga Lidiane Pontes lista sete hábitos simples que podem ser adotados para melhoria da saúde mental.
1. Evite fazer comparações sociais
Na prática, é se perceber único (a) na relação com o outro, nem mais, nem menos, nem melhor ou pior. A pessoa consciente da sua unicidade amplia a autorresponsabilidade e se compromete a transformar o próprio caos em ordem. Os *nórmoticos que nos perdoem, mas, sair da caixinha é fundamental. As nossas diferenças nos convocam a algo que só é possível descobrir quando escolhemos exercitá-las.
2. Treine, identifique e avalie os pensamentos
O que você pensa influencia o que você sente e faz. A questão é que, às vezes, o pensamento contém distorções, falhas cognitivas ou erros de lógica. Não aceite qualquer coisa que passe pela sua cabeça como sendo 100% verdadeira. Examine as evidências e verifique se o seu pensamento realmente condiz com a realidade a fim de responder, nas esferas emocional e comportamental, de uma forma mais adaptativa.
3. Foque na autocompaixão e não só na autoestima
Autoestima não é gostar de si. É cuidar de si para gostar de si. Já a habilidade de ser autocompassivo vai além da autoestima e pode ser treinada. A autocompaixão é o que nos permite enfrentar os desafios nos sentindo à altura deles. É a capacidade de valorizar o próprio tempo e presença, mesmo quando não se obtém o resultado pretendido.
4. Aprenda a manter-se conectado com a vida
A pessoa que sofre de depressão está totalmente desconectada com a vida, com suas belezas e mistérios. Mas, todos nós podemos nos desconectar, de forma parcial, em algum momento do dia. O estresse e ansiedade podem nos visitar sem interromper a conexão com a vida. Para isso, é preciso aprender a viver no entorno da dor ao invés de nos concentrarmos nela o tempo todo.
5. Pratique a flexibilidade
A flexibilidade cognitiva e comportamental, que parece representar a simples capacidade de mudar de opinião e de atitude, pode significar uma autotransformação maior. Flexibilidade significa trocar de lugar com aquele a quem julgamos “certo”, “errado”, “bom”, “mau”, “adequado”, “inadequado”. Significa desaprender conceitos e ir além dos que os outros pensam de você para atrever-se a ser quem realmente se é.
6. Expresse gratidão
Mérito é o exercício que fazemos para enxergar a graça. Tudo é graça: a experiência renovada a cada manhã, a dádiva de respirar, de realizar movimentos (no corpo e na alma), enxergar as cores, ouvir os sons, sentir os gostos e os abraços. Expressar gratidão e enxergar a graça é uma questão de percepção. Os nossos comportamentos relacionam-se mais com a forma como percebemos as situações (construção da realidade) do que com a realidade em si.
7. Aprenda a perdoar
“Não errasse o sol por toda a noite, como poderia ser o mundo iluminado a cada nova manhã? ” Rumi (1207-1273). O acerto e o erro são interagentes, faces de uma mesma moeda, dois aspectos diferentes da aprendizagem. Ambos são significativos na medida que têm algo a nos dizer. E cada experiência cotidiana pode estar comprometida em respeitar e incorporar esses dois fenômenos na busca pelo conhecimento mais profundo de si mesmo e do outro.
* Normose: doença de ser normal. Um conjunto de hábitos considerados normais pelo consenso social que, na realidade, são patogênicos em graus distintos e nos levam à infelicidade, à doença e à perda de sentido na vida. O conceito foi cunhado quase que simultaneamente pelo psicólogo e antropólogo brasileiro Roberto Crema e pelo filósofo, psicólogo e teólogo francês Jean-Ives Leloup, na década de 1980. Fonte: Revista Superinteressante