A obesidade deve ser entendida como uma doença crônica inserida dentro de um contexto biopsicossocial, englobando aspectos biológicos, sociais e psicológicos
Segundo levantamento, realizado pelo Ministério da Saúde, em 2018, cerca de 19% da população brasileira é obesa. Isso fez com que, tanto os órgãos governamentais quanto os profissionais de saúde, começassem a se preocupar com o caso e alertar a população sobre os métodos de prevenção etratamento para obesidade.
Obesidade, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, é apontada como o acúmulo de excesso de gordura corporal. O diagnóstico é realizado através do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC). Esse índice é calculado considerando duas informações: o peso do indivíduo, dividido pela sua altura ao quadrado que pode ser classificado das seguintes formas:
– IMC de 25,0 até 29,9 kg/m²: sobrepeso;
– IMC de 30,0 até 34,9 kg/m²: obesidade grau I;
– IMC de 35,0 até 39,9 kg/m²: obesidade grau II;
– IMC acima de 40,0 kg/m²: obesidade grau III.
Seus efeitos ocorrem não só sobre o corpo físico do obeso, mas também apresenta efeitos psicossociais. A obesidade deve ser entendida como uma doença crônica inserida dentro de um contexto biopsicossocial, englobando aspectos biológicos (genéticos e bioquímicos), sociais (culturais, familiares, socioeconômicos e médicos) e psicológicos (estado de humor, de personalidade e de comportamento).
O mito da falta de força de vontade para emagrecer
Um dos aspectos a ser considerado é o combate a estereótipos sobre o corpo e o preconceito social; tem-se que desmistificar a ideia de que, para perder peso, é preciso apenas ter força de vontade, pois pode envolver no seu tratamento um grupo de profissionais, como médico, nutricionista, psicólogo, educador físico, por exemplo.
Referente à saúde mental de indivíduos obesos, é fundamental para um prognóstico positivo o uso de psicoterapia. Assim, a terapia cognitivo-comportamental (TCC) tem demonstrado resultados positivos na abordagem desses pacientes. A explicação está no fato de sua contribuição para o automonitoramento e a desativação de comportamentos compulsivos – ou seja, atua baseada em evidências.
Ansiedade é um gatilho para transtornos alimentares
Um dos fatores é atribuído à ansiedade, que desempenha um dos principais gatilhos que levam a transtornos alimentares. Em busca de sentimentos reconfortantes diante de frustrações e situações de conflito, a pessoa busca pequenas recompensas no prazer de comer.
Quando comportamentos assim passam a ser repetitivos, deve-se considerar o transtorno da compulsão alimentar. Nesse quadro, o indivíduo ingere grandes quantidades de alimento, em um curto espaço de tempo, mesmo sem fome ou necessidade. O sentimento de culpa aparece frequentemente após esses episódios.
Diante de quadros assim, o paciente fica mais introspectivo e pode desenvolver outras dependências associadas. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) identifica e altera pensamentos equivocados a respeito da alimentação. Mas não é só isso. Elementos como aceitação do peso e da imagem corporal também são trabalhadas pela TCC.
O primeiro passo para a aplicação da TCC, é avaliar o dia a dia do paciente para ajudá-lo a identificar problemas que levam ao excesso de peso. A partir daí, terapeuta e paciente elaboram estratégias na busca de novos padrões de comportamento.
Entra em cena, aqui, o controle de estímulos. A estratégia antecipa situações que possam desencadear a alimentação compulsiva. Também é importante abordar a reestruturação cognitiva.
Atitudes equivocadas a respeito do ato de comer
Muitos pacientes manifestam atitudes equivocadas a respeito do ato de comer. Entre elas, culpa pela falta de controle, obsessão por alimentos da dieta (durante a reeducação alimentar) e fuga de convívio social que envolve refeições. Cabe ao psicoterapeuta auxiliar o paciente a restaurar sua relação com os alimentos para evitar maior sofrimento.
Já existem protocolos específicos na TCC para o tratamento da obesidade. Além disso, ela é indicada para pacientes elegíveis para cirurgia bariátrica. Nesse caso, são trabalhados aspectos como a aceitação e a efetividade do procedimento. Vale lembrar que a participação de psicólogos em equipes multidisciplinares de cirurgia bariátrica é obrigatória.
Fontes: Agência Brasil/Secad