por Fabiane Manuchakian – psicóloga do NPPI
O uso da internet começou a ser difundido no Brasil em 1995 e foi se tornando cada vez mais popular e a ter cada vez mais utilidades.
O número de usuários aumentou de forma impressionante. Em 2001 havia aproximadamente 4 milhões de internautas no Brasil, mas esse número alcançou aproximadamente 102 milhões no primeiro trimestre de 2013.
Como sabemos a internet se tornou uma ferramenta imprescindível nos dias atuais. Utilizada no âmbito profissional, pessoal, lazer, compras, entre outros.
Com o avanço e a popularização desse serviço, a Psicologia começou a pensar em como utilizar-se também desse meio para realização de atendimentos. Os atendimentos online preocupavam a classe profissional, pois sempre foi considerado a importância do atendimento presencial.
Em 2000, o Conselho Federal de Psicologia promulgou a primeira resolução autorizando as orientações psicológicas online, porém deveriam atender as restrições autorizadas nessa primeira resolução.
Mais recentemente esse Conselho já fez algumas alterações nessa resolução, sendo a última feita em 2012, autorizando que formas de orientações online mais extensas, que podem ocorrer em até 20 "encontros". É definido como "encontro" cada sessão via webcam através de programas de mensagens instantâneas e cada troca de e-mail como sendo 1 encontro (1 email do paciente, uma resposta do terapeuta caracterizam-se como uma troca ou encontro).
No entanto, os atendimentos online ainda são muitas vezes questionados sobre sua eficácia, primeiramente por serem realizados via web – portanto à distância – e pelo fato de haver um tempo predeterminado para a duração desse atendimento. Pensando um pouco sobre essa questão do tempo, podemos relacionar essa forma de atendimento com uma outra modalidade de psicoterapia já consagrada denominada como psicoterapia breve.
A psicoterapia breve pode ocorrer dentro de diferentes abordagens teóricas da Psicologia (por exemplo, psicanálise, fenomenologia, entre outros). Será utilizada aqui como referência a psicoterapia breve de base psicanalítica.
A psicoterapia breve então consiste em um processo psicoterapêutico no qual há um contrato com o paciente no qual se determina um tempo de duração desse processo. O terapeuta faz uma avaliação psíquica desse paciente nas primeiras sessões e propõe qual será a duração do processo, que pode variar de meses até no máximo um ano. A determinação dessa duração é então definida em conjunto com o paciente, e uma vez que cheguem num consenso, esse tempo não é alterado ao longo do processo.
Considerando que a orientação online é uma modalidade recente e a psicoterapia breve já tem um pouco mais de tempo de existência, podemos correlacionar a eficácia dessa definição de tempo de atendimento.
O fato de o paciente saber exatamente quando seu processo psicoterapêutico ou orientações psicológicas terminam é o que faz com que ocorra uma possível e provável evolução do caso. O paciente não terá tempo de procrastinar, adiar, perlaborar, afinal seu espaço de reflexão, de ajuda se encerra dali algumas trocas ou sessões.
Ambas as modalidades são relativamente novas em relação às demais e muito se questiona sobre a eficácia desses processos, mas fica claro que a questão do tempo não é algo que atrapalhe na melhora dos casos e em alguns casos até faz com que evolua de forma mais satisfatória.