Pulsologia chinesa ajuda em diagnósticos

Por Alex Botsaris

Na medicina tradicional chinesa (MTC) podemos conhecer ou determinar a natureza de uma doença também a partir do estudo do batimento dos pulsos. Trata-se da pulsologia chinesa: um dinâmico diagnóstico de energia do corpo que proporciona a compreensão de enfermidades por um enfoque complementar ao da medicina ocidental. Essa última usa o pulso exclusivamente para avaliar a atividade rítmica de contração do coração. Já na visão oriental o pulso é uma expressão do QI – energia do organismo.

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Uma vez que, na visão da Medicina Tradicional Chinesa, as alterações energéticas precedem os processos patológicos orgânicos, a tomada dos pulsos chineses permite identificar um desequilíbrio e corrigi-lo, mesmo antes que ele se transforme em doença – fator apontado como uma vantagem, pois permite uma atuação bem mais preventiva. Mas a pulsologia não se limita a isso, visto que pode ser usada para avaliar o paciente durante uma doença instalada, ou mesmo a fazer um diagnóstico convencional. Em minha prática, e através do relato de colegas, é relativamente freqüente, por exemplo, diagnosticar uma infecção urinária assintomática por meio do pulso combinado a um exame convencional. Um pulso muito alterado na posição de bexiga leva o médico a pedir uma cultura de urina, que em outra situação talvez não fosse solicitada. E no resultado aparece uma bactéria que estava causando danos ao organismo.

A pulsologia integra o sistema organizado da MTC, por isso precisa ser avaliada em conjunto com os outros dados do paciente, para que sua interpretação seja precisa. Por isso o ideal é o médico combinar os achados do pulso com a história do paciente e o resto do exame físico. Como método a pulsologia ainda exibe outras vantagens: não depende de recursos adicionais para ser realizada, mas somente do domínio do médico, é muito barata, rápida e simples. Isso ajuda muito no atendimento primário a populações carentes, como existe no Brasil. O programa de saúde primária da China, com os “médicos de pés descalços”, usava a pulsologia como recurso básico de diagnóstico (por não haverem outros recursos disponíveis nas comunidades rurais) e conseguiu reduzir a mortalidade e a morbidade dessas populações, ganhando um prêmio da Organização Mundial da Saúde.

Como é feito?

O especialista faz um exame do paciente palpando a região na artéria radial, perto do punho da mão, além de fazer uma identificação dos pulsos chineses. Ele se senta na frente do paciente e posiciona os dedos indicador, médio e anular no pulso da pessoa, em três posições: polegar ou cun, portão ou guan e pé ou chi. Cada uma delas revela o que está acontecendo nos órgãos e vísceras do corpo. A posição polegar se relaciona com os órgãos do tórax e também com as vísceras ligadas a ele, conforme a teoria da medicina chinesa. A posição portão do pulso direito, dá para perceber o baço, o pâncreas e o estômago. Já a do pulso direito, nesta mesma posição, o fígado e a vesícula biliar. O rim e bexiga, por exemplo, são analisados na posição pé. Para isso, o médico precisa estar muito concentrado e o paciente completamente relaxado.

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A pulsologia é um método difícil de ser aprendido e requer vários anos de prática até que o especialista possa fazer um diagnóstico preciso. Muitas vezes não é possível saber se existe ou não uma lesão estabelecida porque o resultado depende das alterações de energia do corpo. Além disso, portadores de alterações congênitas ou adquiridas na artéria do braço ou aquelas que tiveram amputação desses membros têm seu diagnóstico prejudicado.

Essa prática é tão antiga que é impossível determinar quando surgiu ou por quem foi desenvolvida. Uma tumba encontrada na província de Hunan com data aproximada de 780 a. C. é o registro mais antigo sobre essa técnica. Ela pertencia a uma família de médicos e o texto falava sobre tratamentos, doenças e formas de diagnósticos. No livro chamado ‘Nan Jing’, que pode ser traduzido como o ‘Tratado das Dificuldades’, descreve as nove posições do pulso. Mas a teoria apenas foi amplamente desenvolvida no livro ‘Mai Jing’ ou ‘Clássico dos Pulsos’. Atualmente, o método é empregado nos hospitais e ensinado nas universidades da China.

 

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