Inovar sempre, este é o lema que acompanha a vida de um formulador de cosméticos por toda a sua carreira. Inovar em ativos, em formas cosméticas, em sensorial, em especificidade de produto – sempre inovar! Mas a escolha correta das matérias-primas, a perfeita engenharia de combinações e a constatação clínica de segurança são fundamental para garantir segurança de uso e eficácia comprovada dos claims propostos.
Segundo a doutora Sandra Goraieb, médica intensivista com vivência internacional voltada para a segurança, “algumas substâncias comumente utilizadas na indústria cosmética se demonstraram substâncias de risco por apresentarem atividade endócrina, neurotóxica e potencial neoplásico em laboratório”. A médica diz que por muito tempo se considerou que as baixas doses as quais as pessoas se expunham não apresentassem dano, mas muitas delas se configuraram substâncias de depósito causando o chamado “body burden” – tradução livre: carga corporal.
Vulnerabilidade à ação dos cosméticos é individual
A vulnerabilidade individual é variável com a idade, fatores genéticos, estado nutricional, concorrência de outras patologias específicas ou sistêmicas e estilo de vida. Na literatura médica, novas evidências sugerem que tais produtos em longo prazo podem efetivamente ser coadjuvantes no aumento de certas patologias. A exposição a agentes cosméticos é uma exposição crônica no arco de toda a vida.
Cosméticos implicados
Dentre os itens cosméticos implicados, pode-se ressaltar os surfactantes anfóteros do tipo alquil, os etoxilados, os corantes, os parabenos e os conservantes que liberam formaldeido, os ftalatos, os musks, os bloqueadores solares químicos e físicos entre uma grande quantidade de substâncias de largo uso. O estudo da *reologia das diferentes categorias de ingredientes é fundamental para formular produtos vencedores no ponto de venda. Saber mais sobre protocolos de testes clínicos e ajudar na elaboração dos mesmos faz de toda a conduta de pesquisa clínica um trabalho efetivo.
Um produto cosmético formulado dentro de todas as normas adequadas, de acordo com padrões regulatórios e com qualidade, eficácia e tolerabilidade suportáveis, passa por testes rígidos de estabilidade e controle de qualidade e é preciso sempre rever métodos, atualizar processos, renovar ativos.
Mas os testes dermatológicos não devem ser realizados somente por exigência da ANVISA e sim para que a empresa conheça seu produto quanto aos critérios de eficácia e irritabilidade adequados.
Parceria e transparência entre a empresa cosmética e a instituição de pesquisa clínica traz benefícios para ambas e para o consumidor.
* Reologia: ramo da ciência que estuda as deformações e escoamentos da matéria. A viscosidade é a propriedade reológica mais conhecida.