por Arlete Gavranic
A hora da transa é ideal para a mulher estimular a fantasia do parceiro, propondo jogos sexuais com frases do tipo:”Você já pensou se….”, “Você lembra daquela vez que….” E se ele gostar da ideia, você pode inovar com uma roupa mais sensual, um filme ou contando uma ‘estória’ para ele . Ele pode num primeiro momento se assustar, mas em geral o homem gosta muito quando sua parceira quebra o gelo. Muitas vezes isso é um passo para que ele também comece propor suas fantasias.
Nem toda fantasia precisa ser colocada em prática
Muitos cobram a realização de suas fantasias por acreditarem que para ser um casal moderno, têm que achar tudo normal. Muitas pessoas ficam desejosas e excitadas por alimentar uma ideia fantasiosa, porém isso não significa que todas as pessoas e todas as fantasias tenham que ser colocadas em prática. Essa é uma queixa muito frequente no consultório; pessoas que adoravam alimentar uma determinada fantasia sexual que muito as excitava, até que resolveram buscar esse tesão de verdade e realizar essa fantasia, o que nem sempre traz resultados positivos.
Esse desencontro da vida real com a fantasia pode acontecer, pois efetivamente coloca em xeque muitos dos valores aprendidos durante uma vida inteira. Por exemplo, aquela mulher que se excita em viver junto com o parceiro uma fantasia de variação da relação com idéias de sexo grupal ou de troca de casais…
Muitos saem mais machucados do que satisfeitos com a realização dessas fantasias, pois se deparam com seus valores morais, como o ciúme, o medo de perder, a sensação de ameaça ao ver seu parceiro (a) transando verdadeiramente com um estranho (a).
Muitas mulheres relatam sentirem-se “usadas como um objeto”, e ameaçadas por perceber o desejo vivo do seu namorado ou marido pelo corpo da outra. Ou então eles entram em conflito ao perceberem que suas parceiras aprovaram a experiência, o que os deixa muitas vezes sensíveis e inseguros efetuando comparações com relação à perfomance, tamanho do pênis, aspecto físico, etc… com medo de que sua companheira tenha descoberto alguém mais interessante.
Viver a fantasia pode ser um ato de liberdade, pois fantasiar algo não significa que você fará aquilo de fato. Na verdade, o bonito na fantasia é que ela lhe permite a liberdade de experimentar uma variedade de situações sexuais além dos limites da realidade. E na fantasia você pode se experimentar, muito, e sem riscos.
Mas… e quando um dos parceiros não concorda com a fantasia?
Quando o parceiro não quer entrar na fantasia é melhor não insistir, pois pode ser que ele se sinta forçado, ameaçado intimamente. Forçar a barra pode trazer danos à relação e às vezes até ao desempenho sexual. Se essa fantasia estimula você, viva-a na sua fantasia, nos seus devaneios (sonhar acordado).
E quando ele fantasia com uma celebridade ou alguém próximo?
Essa é uma realidade muito comum, homens e mulheres muitas vezes se sentem ameaçados em relação às fantasias dos parceiros. “Por que ele pensa na Julia Roberts e não em mim?” ou “O que será que ela vê no Brad Pitt? Ele nem é tão forte como eu.”
Sempre que outras pessoas são envolvidas na fantasia, e essas pessoas têm uma identidade, isso costuma mexer na insegurança dos parceiros. É diferente fantasiar com um homem ou uma mulher qualquer, do que fantasiar com aquele seu colega de trabalho, aquela prima ou uma vizinha. Essa identidade de alguém próximo ao casal traz uma série de conflitos, pois levanta a questão: “Será que ele (a) está interessado (a) nessa outra pessoa?”
E é preciso entender que isso nem sempre é verdadeiro, pois muitas vezes o interesse da fantasia está associado a uma característica da pessoa (pernas bonitas, ser perfumado e elegante, um estilo ousado) e não a um interesse na pessoa em si.
Por que as pessoas têm dificuldade de falar sobre suas fantasias?
Principalmente as mulheres sofrem muito com a autocensura, pois tiveram uma educação ainda centrada no conceito de ‘mulher correta’. Os homens sofrem menos com proibições culturais, mas alguns internamente ainda têm receio de ofender sua esposa ou de descobrir que o conceito de ‘mulher correta’ é bem mais flexível.
Existem diferenças em relação às fantasias do homem e da mulher?
Os homens ao fantasiar se preocupam com a idade, cor da pele e características físicas da parceira virtual, enquanto as mulheres se ligam muito mais em atributos pessoais, como caráter, cultura, romantismo…
Com relação ao conteúdo das fantasias, percebe-se que os homens frequentemente fantasiam com mais de uma pessoa, muitas vezes, com mulheres conhecidas. Também fantasiam suas parceiras imaginárias com roupas íntimas sensuais, lingeries e meias pretas ou uniformes (babá, enfermeira, escolar, doméstica – as preferidas).
Já as mulheres costumam fantasiar com um estranho, geralmente com uniformes militares, roupas exóticas ou smokings sofisticados. A diferença de estilo de uniformes caracteriza o apelo mais sexualizado do homem. Porém, podemos observar que o poder permeia a fantasia de ambos, como sedutor ou seduzida.
As mulheres costumam ser mais inventivas e românticas. Buscam um clima romântico, afetivo e poético, com lugares pouco comuns ao encontro sexual cotidiano, (como ilhas, praias, cachoeiras, lagos, florestas) do que a busca do erótico e sexual.
Os homens costumam fantasiar mais com uma ‘rapidinha’ sem muito romantismo e em locais onde há a emoção de correr o risco, como hospitais, banheiros de avião e cinema, ônibus, metrôs e outros lugares públicos.
Assim pode-se predizer que as mulheres aceitam mais a imaginação romântica do que a do sexo explícito destituído do contexto do relacionamento
Poder fantasiar, estimular sua imaginação e seus desejos pode ajudar a tornar a vida mais prazerosa, mesmo que jamais tenha condições de realizar essas fantasias.