por Blenda de Oliveira
"Sinceramente, não tenho amor pela criança, e todo o cuidado que presto a ela, para mim é um fardo, e faço pelo meu marido. No início de nosso relacionamento, eu tinha boa vontade em cuidar. No entanto, a criança tinha muito ciúme do pai e me rejeitava; fazia queixas a meu respeito para a mãe; reclamava dos limites que eu impunha… A mãe, por sua vez, ligava para meu marido fazendo cobrança a respeito do meu comportamento, então também passei a rejeitar a criança."
Resposta: Se tem como prioridade o seu casamento, sugiro que repense sua posição nesse papel de madrasta.
Madrasta: nem mãe, nem rival
Sua função não é ser mãe da criança, mas tampouco é ser uma rival. Entre você e ela existe uma enorme diferença. Ela é filha do seu marido e, como quase todas as crianças, deve se ressentir da separação. Além disso, não sabemos qual é a relação que a mãe tem com o ex-marido e, principalmente, com o fato do casamento ter terminado.
Muitas vezes a criança rejeita a nova ou o novo parceiro não apenas pela questão de ver os pais com outra pessoa que não são seus pais biológicos, mas também por que há questões pouco resolvidas na separação. É muito fácil usar as crianças para se livrar das questões emocionais pouco conhecidas ou negadas.
Sugiro que retome, aos poucos, sua relação com sua enteada. Você não precisa amá-la e estar todo o tempo com ela, mas ambas, você e ela, precisam se respeitar e você ter claro que trata-se de uma adulta e uma criança. Vocês estão em níveis diferentes. Teoricamente se espera que nós adultos tenhamos maior capacidade de usar a sensatez e fazer da relação com a criança algo proveitoso e, dentro da possibilidade de cada uma, uma relação de colaboração.
É sábio e inteligente que no seu casamento isso não se torne um problema e, sem querer lhe sobrecarregar, uma parte da melhora dessa situação depende de você. Quando casou sabia que viria junto com seu marido uma família – a filha – por isso, busque um relacionamento que seja suficientemente bom, sem grandes problemas. Tenho certeza que se sentirá bem melhor com a melhora que irá logo perceber.
Pratique o desapego e a tolerância, essas são práticas inteligentes e amorosas.