Qual é o remédio ideal para poder largar o cigarro?

por Danilo Baltieri

Resposta: De fato, existem várias abordagens médicas e psicológicas para ajudar o dependente de nicotina a deixar de fumar. O atual e mais aceito manejo da dependência envolve a associação do tratamento farmacológico com abordagens psicossociais.

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Tratamentos psicossociais

Existe evidência de que as terapias comportamentais consistem em eficazes abordagens para pacientes dependentes químicos em geral. Elas pretendem desenvolver no indivíduo habilidades comportamentais para evitar o consumo de tabaco e identificar situações de alto risco. No entanto, as características das abordagens comportamentais variam amplamente, no que se refere à intensidade das intervenções clínicas, à forma em que o aconselhamento é fornecido e as técnicas desenvolvidas, e ao tipo de profissional de saúde que as dispensa.

Em geral, nas terapias comportamentais, o profissional deve auxiliar o paciente a identificar situações de risco, colaborar ativamente para desenvolver habilidades de afastamento e confronto, fornecer informações necessárias sobre o consumo de tabaco e sobre as dificuldades para deixar de usá-lo, demonstrar atenção e apoio e encorajar o paciente a falar sobre as dificuldades durante o processo.

Vários estudos têm avaliado a efetividade de outras abordagens psicossociais ou alternativas, como hipnose, psicoterapias psicodinâmicas, atividades esportivas e acupuntura. No entanto, os resultados têm mostrado pouco consistentes com essas outras abordagens.

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Psicofarmacotepias

Farmacologicamente, os tratamentos disponíveis e aprovados pelo FDA (Food and Drug Administration) são:

(1) Bupropiona,

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(2) reposição de nicotina, e, mais recentemente,

(3) Varenicline.

Nortriptilina e Clonidina são consideradas medicações de segunda linha para o tratamento dessa condição, as quais não são aprovadas pelo FDA para o tratamento de dependência de nicotina.

Reposição de Nicotina

Em geral, a reposição de nicotina é indicada para pacientes dependentes que usam mais de 10 cigarros ao dia, em especial para aqueles que previamente tentaram sem sucesso abandonar o uso. Para pacientes dependentes de nicotina e portadores de doenças psiquiátricas, como esquizofrenia, a terapia de reposição de nicotina é recomendada já nas fases iniciais da promoção de abstinência, tendo em vista o consumo mais intenso observado nesses pacientes.

Embora existam 5 formas de reposição de nicotina (gomas, adesivo transdérmico, sprays, inhaler e tablete sublingual), tem-se utilizado no Brasil principalmente a goma e o adesivo. Antes de qualquer administração terapêutica de nicotina, deve-se estar atento às contraindicações do seu uso, tais como úlcera gastrointestinal ativa e condições clínicas que impliquem risco de descompensação de doença cardiovascular grave.

Adesivos

Os adesivos transdérmicos têm sido bem tolerados, apesar de cerca de 30% dos pacientes demonstrarem irritação de pele com o seu uso. Os adesivos devem ser trocados diariamente, a redução da dose é paulatina e o tempo de uso pode durar cerca de 01 ano. Pacientes com problemas dentários ou de mastigação ou com dispepsia podem aderir melhor ao emprego dos adesivos do que às gomas.

Fumantes de cerca de 10 cigarros ao dia devem receber adesivos com 14 mg de nicotina, enquanto aqueles que fumam mais de 15 cigarros ao dia devem começar com 21 mg. Todavia, essas doses podem ser modificadas. Apesar de efetivo, os adesivos podem não proteger o paciente contra a fissura ou “craving” que surge em situações de risco, como dirigir o automóvel, sentar-se diante do computador ou falar ao telefone. Para esses pacientes, pode-se combinar o uso da goma nessas situações.

Goma de mascar

A goma de mascar pode produzir irritação na cavidade bucal e língua. No entanto, tais efeitos são infinitamente menos prejudiciais do que o consumo de cigarros. O número médio de gomas com 2 mg de nicotina mascadas durante o dia varia de 10 a 20. Cerca de 50% da nicotina da goma é absorvida na mucosa bucal; bebidas ácidas interferem com a absorção e devem ser evitadas durante e cerca de 15 minutos antes do uso da goma.

Bupropiona

Esse antidepressivo foi aprovado em 1997 pelo FDA para o tratamento da dependência de nicotina. Embora ainda discutido, seu mecanismo de ação no tratamento dessa dependência está associado ao bloqueio da recaptação da dopamina e norepinefrina, bem como à ação antagonista sobre os receptores nicotínicos de alta afinidade. Clinicamente, é possível que essa medicação alivie alguns sintomas da síndrome de abstinência, como sintomas depressivos.

Alguns autores propõem o início do uso da Bupropiona cerca de duas semanas antes da cessação do consumo de cigarros. O tratamento pode durar cerca de 3 a 6 meses. Boca seca, insônia e sintomas gastrointestinais são os principais efeitos colaterais registrados. Existem contraindicações para essa medicação e a prescrição bem como o acompanhamento devem ser feitos por médicos especializados.

Varenicline

Essa droga agonista parcial de receptores nicotínicos foi aprovada pelo FDA em 2006 para o tratamento de dependentes de nicotina. Por se tratar de um agonista parcial (mecanismo de ação da medicação), existe um limite farmacológico para a sua ação em receptores nicotínicos, o que representa, clinicamente, menos efeitos colaterais do que drogas contendo nicotina.

Efeitos colaterais, como náusea e vômitos, constipação intestinal e perturbações do sono têm sido registrados.

Os dependentes de nicotina consistem em uma população extremamente heterogênea. Logo, o tratamento precisa ser muitas vezes individualizado. Procure um médico habilitado no tratamento dessa condição para a cessação desse consumo.

Atenção!
As respostas do profissional desta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um profissional de psiquiatria e não se caracterizam como sendo um atendimento.