Por Dulce Magalhães
Quem possui mais poder?
Aquele que comanda uma organização com milhares de pessoas, envolvendo milhões de dólares e afetando a vida de comunidades ao redor do planeta ou alguém que tem total consciência do que deseja e se guia por isso? Naturalmente, essa resposta não é tão simples, pois outras variáveis deveriam ser consideradas e os perfis e circunstâncias individuais analisados. Contudo, podemos começar a reflexão com a conceituação de poder.
Poder é capacidade de realização. Assim, uma grande estrutura pode proporcionar condições de exercer maior poder, entretanto, essa realização precisa incluir alguns aspectos prioritários da vida, como as aspirações pessoais, o equilíbrio de uma vida saudável e a afetividade de relacionamentos bem-sucedidos. Realização, portanto, vai muito além de resultados numéricos ou concretos, inclui o intangível e o indelével da vida.
Dessa forma, podemos expandir o conceito de poder para capacidade de realizar-se. Quanto maior essa capacidade, maior o poder individual, que interfere e afeta o coletivo, que por sua vez repercute no individual, criando um círculo contínuo de interdependência. Nosso nível de poder rege o limite de nossas realizações e estas ampliam ou diminuem nosso senso de poder. Assim somos a causa e o efeito ao mesmo tempo.
Nessa possibilidade de autorrealização, o que nos oferece uma métrica de poder real é nossa liberdade de escolha. Quanto maior nosso potencial de fazer escolhas, maior nossa liberdade e poder. Aqui entra a necessidade de entendermos outro conceito, o da liberdade, que não significa, por exemplo, ter o poder de ir pra qualquer lugar, mas de estar no lugar onde se quer estar.
Liberdade é o que vivenciamos, não apenas o que aspiramos. Poder ir não é o mesmo que estar lá. Se poder é entendido como capacidade de realizar-se, liberdade é vivenciar esta realização em sua plenitude, sem medo da perda, sem culpa pela conquista, sem bloqueios pela cultura ou ansiedade pela dúvida. Assim, percebemos que ser livre é muito mais difícil, e incomum, do que ter poder. De um modo geral estamos focados no aumento de nosso poder, contudo nem sempre isso se reverte em maior liberdade, até pode ser o contrário.
Exercer o poder também tem a possibilidade de estabelecer maiores limites pessoais, diminuindo a liberdade de escolhas e produzindo maior tensão, estresse e frustração do que senso de realização. Poder sem liberdade representa uma armadilha para a realização plena do Ser. Já a liberdade não se alcança sem o desenvolvimento do poder pessoal. Uma síntese possível é que precisamos desenvolver continuamente nosso poder, através do exercício das escolhas, para atingirmos o patamar mais elevado da liberdade de viver exatamente o que queremos.
Não somos imunes ao erro, entretanto não exercitar escolhas é o erro mais contundente porque nos tira o privilégio de ampliarmos nosso poder e alcançarmos maior liberdade. Ainda somos prisioneiros de nossos medos, bloqueios e dúvidas, porém somos os únicos capazes de girar a chave da mudança através da autorrealização. Reflita sobre isso. Suerte!