Por Emilce Shrividya Starling
Não existe esse final de história: “e foram felizes para sempre”. Estamos no planeta Terra, e essa felicidade no casamento e no amor tem que ser cultivada diariamente, com doação, renúncias, tolerância, paciência, compreensão e carinho.
Eu e meu marido estamos fazendo 48 anos de casados, com duas filhas, uma netinha e o genro. Somos abençoados e muito gratos a Deus. Mas, isso não veio pronto. Sempre nos amamos e fomos construindo esse amor sólido e verdadeiro, momento a momento, dia após dia, noite após noite. Fomos cultivando, durante esses anos, um casamento harmonioso, feliz e apaixonado, com confiança, respeito, fidelidade, muita paixão, namorando e alimentando a chama da paixão e ternura. Somos amantes, amigos, companheiros e nos completamos, respeitando nossa individualidade.
Superamos obstáculos, desafios, momentos difíceis com coragem e companheirismo, nos apoiando. Um sendo o porto seguro do outro. Se um fica alterado na voz, fala mais alto, o outro sabe ter paciência e entende que talvez ele precise de ajuda e não cria brigas desnecessárias. Conseguimos esse aperfeiçoamento no amor também através de praticarmos juntos Yoga há mais de 25 anos. Meditamos, cantamos mantras juntos em louvor a Deus e fazemos serviço altruístico, procurando ver Deus em cada um.
O casamento tem que ser a fusão de dois corações numa totalidade. É o funcionamento de duas pessoas em sintonia. Tem que ser o clímax do amor. O entrosamento sexual é uma coluna importante do casamento. Um quer fazer o outro feliz e realizado no êxtase do amor físico. É necessária uma evolução no casamento para que haja entrosamento em todos os níveis, físico, emocional, mental e espiritual. Isso não se conquista logo ao se casar. É uma conquista e aprendizado diário e amoroso.
Para ser feliz, tem que procurar fazer o outro feliz, e assim, naturalmente, o outro vai querer fazer você feliz também. É necessário viver bem conscientemente para transformar o amor em um casamento harmonioso e amoroso. Sempre seguir o ensinamento do Yoga: “Faça o outro o que gostaria que lhe fizesse. Não faça ao outro o que não gostaria que lhe fizesse”. Ame e perdoe como gostaria de ser amado e perdoado.
A maior arte da vida é ser capaz de amar. Amar requer refinamento, paciência, renúncias, dedicação, bondade e lealdade. Valorizar as qualidades e não ficar somente focado nos defeitos. Ter somente paixão não é capaz de sustentar o amor, a compaixão é necessária. Ser capaz de ser compassivo é aceitar as limitações e imperfeições do outro, aceitá-lo como ele é. Com paciência, sem querer mudar o outro. E assim, muitas mudanças positivas acontecem e os cônjuges se transformam para melhor com bons exemplos e amor incondicional.
Muitos casamentos tornam-se campos de batalha, onde os cônjuges se tornam cheios de ciúme, desejos egoístas, controle. Em nome do amor tentam tudo o que o oposto ao amor: possessividade, dominação, competição, poder. Os seres humanos são diferentes. A natureza do homem é mais objetiva, prática, mais agressiva. A mulher tem sua maneira mais suave, meiga, mais subjugada, mas também é autoritária como o homem. Muitos vivem juntos fingindo estar em amor, esperando que o outro dê amor. Não estão prontos para dar, só querem receber. Casamento não pode ser fonte de desarmonia, escravidão psicológica, medo um do outro, com exigências, expectativas, frustrações. Não pode haver um esforço de ambos os lados para dominar e pelo poder.
O segredo
Em algum momento, cada um tem que ceder ou compreender. Isso é a chave de um bom relacionamento. Se os egos se alteram e cada um teima em impor sua verdade, com certeza haverá conflitos que vão se tornando rotina e o amor vai se esvaziando. Não é ser submisso e ‘engolir sapo’. É ter o discernimento e sabedoria de falar no tom certo, no momento adequado, sem agredir ou ofender, com respeito e as palavras certas. Ter diálogos em vez de ficar emburrado ou dormir com raiva e mágoas.
Amor verdadeiro é simplesmente compartilhar, é doação, amor em ação na vida a dois e com os filhos. Os filhos não podem separar os pais. Muitas esposas ao se tornarem mães negligenciam os maridos. Só pensam nos filhos e não sabem equilibrar e continuar amando e namorando o marido. Muitas separações e brigas acontecem por isso.
O Yoga me ensinou que o marido tem que ser considerado também como o primeiro filho, para sempre receber amor integral. Quando o amor se torna assim, é como uma fragrância e tem algo de divino. Você está envolvido pela energia amorosa e irradia isso para seu amado. É amor físico, emocional, mental e espiritual. O amor pode fazer as pessoas caírem ou pode elevá-las.
Porta do amor
Amor é como uma porta, de um lado está o sofrimento, a incompreensão, as brigas, do outro lado está a harmonia, a felicidade, a alegria, o bom humor e o companheirismo. Escolha o lado que você quer. Elevar-se no amor é um aprendizado, uma mudança, uma maturidade. É algo espiritual. É a chave secreta que abre todas as fechaduras.
O amor não envelhece. É sempre novo quando nós investimos em um bom relacionamento diário. Posso dizer isso pelos 48 anos de casados, que vivemos com muito amor, momento a momento. É como o ar que respiramos. Quando o amor está respirando em nós, ele se renova a cada momento. Depende de cada um de nós fazer o amor florescer na vida diária, apesar de…
O segredo de um bom casamento é: não peça amor, não espere, pensando que você dará se o outro lhe pedir ou lhe der amor. Doe amor e receberá amor. É a lei da vida.
Namaste! Deus em mim saúda e agradece Deus em você! Fique em paz.