por Patricia Gebrim
“Acreditem, mesmo nas situações mais difíceis, somos nós quem damos o tom do que acontece, e não o fato em si”
Sempre chega um momento na vida de todos nós em que as coisas ficam difíceis. Não acontece o tempo todo (e temos que agradecer a isso!), mas uma vez ou outra, somos todos testados, afinal vivemos neste planeta interessante, feito de polaridades.
Gostemos ou não, não há como escapar. De vez em quando sofremos decepções, perdas, tombos. Somos enganados, traídos, feridos. Comemos algo estragado ou, por mera distração, deixamos o jantar por tempo demais no forno a ponto de se tornar um carvão impossível de ser digerido.
É nesse momento, no entanto, que teremos a chance de saber quem de verdade somos. Por mais difícil que seja o desafio, é exatamente nesse momento que podemos ativar nossa sabedoria ou nos transformarmos em vítimas que desfilam pela vida seu horrendo discurso sobre as mil razões que justificam nossa infelicidade. É exatamente esse o momento em que precisamos escolher, com mais consciência, se somos simples robôs reativos, ou seres incríveis, dotados de criatividade e sabedoria.
A verdade é que somos sim esses seres incríveis, dotados de uma capacidade maravilhosa de superação. Mas nem todos sabemos disso ainda.
Sei que alguns desafios doem de verdade, não estou de forma alguma minimizando ou banalizando a dor, o medo, a raiva, ou seja lá o que for. Apenas estou lembrando a todos nós de uma de nossas mais poderosas armas, a nossa liberdade. A liberdade de escolher o quanto de energia daremos àquilo que nos angustia, que nos amedronta, que nos ameaça.
Quando chegam os tempos difíceis, podemos nos sentar na soleira da porta da vida e chorar, nos sentindo vítimas injustamente tratadas. Ou podemos aceitar aquilo que não podemos mudar, e fazer o nosso melhor.
Quando o jantar se perde no fogo da vida, alguns têm ataques de raiva ou choro, mandam os convidados embora e fazem um círculo nesse dia que os lembre, pelo resto de suas vidas, de sua profunda incapacidade de cuidar de uma bandeja no forno. Outros, os iluminados, os sábios, as divinas crianças de luz, jogam o carvão fora, abrem uma deliciosa garrafa de vinho, pedem uma pizza e transformam o fiasco em uma deliciosa história que será sempre relembrada com humor por seu querido grupo de amigos.
Acreditem, mesmo nas situações mais difíceis, somos nós quem damos o tom do que acontece, e não o fato em si. Temos esse incrível poder de transformar tudo em melhor, ou em infinitamente pior. É a isso que os físicos quânticos se referem quando dizem que o observado não existe sem o observador. Não quer dizer necessariamente que a realidade não está lá quando você não olha, mas quer dizer, de forma simbólica, que os fatos não são a realidade última. A forma como eles farão você sentir, dependerá da sua interpretação, do tom que você dá. Esse é o seu poder. O poder de ser livre. O poder de interferir positivamente na realidade que vai se criando ao seu redor, pois também é uma verdade que, quanto pior lidamos com algo que nos acontece, pior essa coisa pode ficar. Nada é tão ruim que não possamos tornar ainda um pouco pior!
Escrevo tudo isso convidando você a testar isso na próxima vez que a vida lhe trouxer um desafio. É provável que num primeiro momento você seja pego de surpresa e reaja mal, mas assim que conseguir raciocinar sem ser tomado pelas emoções, faça escolhas. Se você não pode mudar algo, de que adianta se revoltar? De que adianta se perder em ataques de raiva? De que adianta não aceitar o que está acontecendo? De que adianta tentar controlar o que está absolutamente fora do seu controle?
Seja sábio. Integre tudo o que sente, permita que os sentimentos fluam, e depois respire fundo. Aceite que aquilo deve estar acontecendo por algum motivo, e disponha-se a lidar com aquilo da melhor maneira que puder. É agindo assim que nos tornamos mais poderosos do que jamais acreditamos que poderíamos ser.