por Luiz Alberto Py
Nós, humanos, temos uma capacidade de raciocínio que nos oferece a noção de futuro e de nossa possibilidade de intervir nele e de modificá-lo.
Isso nos leva a viver oscilando entre a razão, que examina o futuro e se organiza para transformá-lo a nosso favor, e a emoção, que vive do momento presente e apoia suas raízes no passado, que é, por definição, imutável.
Enquanto não conseguimos harmonizar cada um dos constantes conflitos entre o que sentimos e o que pensamos, nos debatemos entre a força da emoção e a cobrança da razão. A emoção nos seduz a buscarmos o prazer mais imediato enquanto que a razão, antevendo o futuro, procura o melhor caminho para nossa vida.
Os grandes sofrimentos da vida estão ligados ao desejo de fazer continuar no futuro o que tivemos ou vivemos anteriormente. Quando não conseguimos, padecemos. As perdas que sofremos significam apenas que não pudemos dar continuidade a um passado que acabou.
A razão tenta nos focalizar no futuro, que é para onde a vida evolui. Quando não conseguimos fazer valer a razão, a emoção nos puxa para trás, para um período da vida que já se cristalizou e não pode ser mudado. O futuro é maleável e temos como intervir sobre ele. Ficar debruçado sobre o que já foi ou olhar para o que virá é a opção básica da vida a ser feita a cada momento.