Por Eduardo Yabusaki
Estamos aqui diante de uma questão que envolve diferentes aspectos de um relacionamento a dois e, como temos insistentemente reforçado, entre duas pessoas quando existem questões importantes pendentes, não existe outro caminho que não seja o da conciliação, e para isso, o diálogo é essencial.
Um dos grandes problemas que vemos nos relacionamentos onde há compromisso e sentimentos é que a "DR" (discutir a relação) foi equivocadamente associada a falar de problemas, dificuldades, divergências, conflitos… Enfim, tudo que é muito difícil, duro e delicado, mas inerente à convivência humana. Portanto, mais do que fugir ou negar a importância das "DRs", é preciso assumi-las como importantes.
Essa distorção negativa em relação à "DR" vem sendo construída ao longo do tempo, uma vez que as pessoas não querem ter dificuldades ou enfrentá-las. Assim, a clássica expressão "canseira" dessa situação.
Impressiona o número de casais que chega aos nossos consultórios sem se falar, não só de conflitos, mas também de questões essenciais como quem paga as contas, o que farão no final de semana, para onde vão ou o que farão nas férias. Enfim, observamos a indisponibilidade das pessoas para viverem o essencial na vida a dois que é o compartilhar, participar, dedicar; e por consequência nos deparamos com casais cada vez mais distantes e sem diálogo.
Claro que não queremos aqui deixar a impressão que o papo tem que rolar sempre e igualmente, ou seja, nem toda hora se tem disponibilidade de conversar ou se tem a mesma intensidade de fala, mas sem dúvida, é preciso que o diálogo aconteça de forma sistemática, rotineira e constante no relacionamento. Lembre-se que a prática faz tornar um comportamento um hábito.
É importante que se crie o hábito de falar também de coisas do dia a dia, como realizações pessoais no trabalho, pequenas mudanças e conquistas de filhos ou individuais. Enfim, tudo que faz parte do cotidiano de cada um e do par, mesmo que não tenha tanta relevância.
Portanto, o diálogo é importante e precisa ser estimulado, mesmo que esbarre em características individuais como o de uma das partes ser mesmo naturalmente mais calado.
Dicas pra exercitar o diálogo e torná-lo um hábito:
1. Deixe sempre claro ao seu par que o propósito do diálogo é sempre melhorar ou facilitar a vida de ambos, permitindo mais clareza e precisão entre ambos;
2. Não queira exercitar inicialmente o diálogo em momentos ou situações tensas; procure sempre situações de tranquilidade, descontração e favorável à conversa;
3. Não queira ou crie expectativas de que já nas primeiras tentativas seja tudo muito fácil e fluído, no começo pode ser difícil, mesmo que queiram muito;
4. A prática, a receptividade, a persistência e o bom efeito que forem vivendo farão com que se sintam motivados e crentes de que possam criar esse canal do bom bate-papo.