por Arlete Gavranic
Uma das características dessas pessoas é a de estar sempre pensando ou fantasiando algo relacionado à sexualidade. São pensamentos constantes, que deixam a pessoa inquieta.
Falamos de compulsão ou sexo patológico quando esse desejo/comportamento passa a atrapalhar a vida da pessoa, impedindo-a de fazer outras coisas importantes (trabalhar, estudar, ir a reuniões sociais, fazer um esporte, ter um lazer) com concentração e dedicação.
Dificilmente essa pessoa consegue se concentrar em algo que não seja relacionada ao sexo.
No caso da masturbação, em casos extremos podem chegar a machucar o pênis ou a vagina por excesso de estimulação. A pessoa também pode parar o que estiver fazendo – trabalho, estudo… – para se masturbar.
Sites pornôs e salas de papo erótico são um grande estímulo para essas pessoas.
Compulsão sexual é doença?
Segundo o psiquiatra Aderbal Vieira Júnior, coordenador do Ambulatório de Tratamento do Sexo Patológico, do Proad (Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes), da Unifesp, a compulsão sexual é uma dependência. "O vício em sexo é uma variante daquele em drogas ou em jogo, o funcionamento é o mesmo", afirma. Para o psiquiatra, o sexo patológico é diagnosticado quando a pessoa perde a liberdade por não conseguir controlar os seus impulsos.
Alguns pesquisadores acham que pode haver alguma origem orgânica para esse tipo de distúrbio, mas nada foi provado até agora.
É possível controlar essa compulsão sexual?
A forma mais usada de tratamento é a psicoterapia, tanto em grupo quanto individual. A maneira de se pensar dessas pessoas é distorcida. Na maioria das vezes elas não admitem ter esse problema, e por isso não buscam ajuda, há vergonha de expor essa dependência e enquanto a ajuda não for buscada, por conta de comprometimentos emocionais, não haverá mudança de comportamento.
Para essas pessoas, é muito difícil admitir que precisam de ajuda profissional. Elas só procurarão ajuda quando, por causa dessa compulsão ou dependência, passarem a sofrer graves prejuízos.
Existe diferença entre a compulsão sexual do homem e da mulher?
A erotomania e a ninfomania são o exagero do desejo sexual por parte de um homem e de uma mulher, respectivamente.
Tais quadros são cientificamente conhecidos como Desejo Sexual Hiperativo (DSH) e manifestam-se pela falta de controle da motivação sexual. Geralmente não apresentam disfunções sexuais, em geral entram em atividade masturbatória compulsiva ou na busca de parceiros por coito – mesmo sob risco de perder os seus relacionamentos amorosos – é mais freqüentemente em homens, mas muitas mulheres também saem em busca de novas parcerias para o sexo, seja virtualmente, ou indo a bares, ou locais de "ponto" de prostituição, colocando em risco também sua saúde, com risco de Hepatite B e C, HIV, entre outras.
Em geral, quando há a busca de parceiros, acontece uma ansiedade no momento da pré-atividade sexual e, após o orgasmo, segue-se uma sensação de culpa ou de vazio com bastante freqüência.
Como tratar?
O tratamento psicoterapêutico é a indicação eficaz para aqueles que aceitam a idéia de que estão com dificuldades, que sozinhos dificilmente conseguirão resolver esse problema. Em alguns casos haverá necessidade também de medicação receitada por um psiquiatra.
DASA – Dependentes de Amor e Sexo Anônimos
Grupo de auto-ajuda com filosofia similar a dos Alcoólicos Anônimos, pode trazer resultados num estágio inicial, mas na compulsão muitos precisam mesmo é de medicação para ajudar a conter a excitabilidade e a mania.
Quem não tem acesso a convênios deve procurar ambulatórios de psiquiatria de uma faculdade ou terapia numa faculdade de psicologia, pois no último ano os alunos atendem gratuitamente com supervisão de um professor.