Por Regina Wielenska
Não faz tanto tempo que poderíamos ouvir um educador ou pai encarar com naturalidade o discurso de que a escola era onde se ensinava conteúdos separados, estanques, as ditas disciplinas. Geografia, Matemática ou Português, por exemplo, traziam informações a serem memorizadas, aprendidas de modo mecânico e dissociado da realidade percebida por cada aluno.
Devagar, esse cenário foi se transformando, um livro de Graciliano Ramos poderia ser explorado sob o prisma de cada matéria e isso criava relações complexas entre tudo que havia a entender. Para que decorar algo? O estudante precisa, outrossim, desenvolver raciocínio lógico, ser flexível nas análises feitas, interligar aspectos antes vistos em separado, ser capaz de construir relações novas, repensar o que era preestabelecido, testar hipóteses e reformular o que se mostrar equivocado.
O aluno precisa aprender a aprender, aprender a pensar, a criar ferramentas para dar conta de necessidades específicas. Imaginam o que é ser um professor nesse novo cenário?
Há que se atualizar constantemente, ter tempo e recursos para exercitar a inter e transdisciplinariedade, muitas outras habilidades poderiam ser mencionadas.
Para sobreviver com dignidade quanto deveria ser o honorário do professor? A maioria dos professores, em especial nas redes públicas e nas escolas privadas menos providas de recursos, precisa trabalhar dois ou três turnos, a eles sobra pouquíssimo tempo, forças e dinheiro para investir nessa formação mais ajustada às demandas da contemporaneidade.
Professor, em parceria com a família, forma gente! Até quando essa profissão continuará tão pouco valorizada?