por Thaís Petroff
É cada vez mais comum ouvirmos falar em divórcios e casamentos desfeitos, bem como em inúmeras dificuldades nos relacionamentos amorosos. Dentre as mulheres, muitas sozinhas, com o mesmo discurso comum de "não encontro o homem certo".
Afinal, o que está acontecendo?
Obviamente não serei leviana em querer encontrar uma única explicação para esse cenário. São diversas mudanças que ocorreram ao longo dos anos, as quais trouxeram ganhos por um lado mas, perdas por outro, dentre elas: libertação sexual, o "ficar", aumento do individualismo (com diminuição da valorização do coletivo e da família) etc. Nesse texto irei me ater a mudança nas crenças e comportamentos das mulheres.
A maioria de meus pacientes é constituída por mulheres, desse modo posso dizer que tenho uma amostra significativa do que se passa com elas nos dias atuais. Muitas estão solteiras e, parte das que estão em um relacionamento, estão insatisfeitas.
Percebo mulheres capazes, independentes e bem-sucedidas se queixando da falta de um companheiro que as acompanhe. Quando digo "acompanhe" me refiro ao crescimento profissional, aos ganhos financeiros, na autonomia quanto às suas coisas pessoais: morar sozinha, cuidar de seu espaço…
As mulheres de modo geral tiveram muitas conquistas recentemente, mas não na área amorosa; parece que esse quadro piora na medida em que a mulher se torna mais bem-sucedida e autônoma. Além da tendência de muitas mulheres perceberem diversos homens como "fracos", uma vez que diferente deles, conseguem assumir uma postura multitarefa com êxito (ser profissional, dar conta de uma casa – mesmo que muitas vezes contratando uma secretaria do lar, sustentar-se, ser mãe etc), acabam dessa maneira não "precisando" de um outro e, diante disso, passam a se virar sozinhas. Isso influencia a parte emocional, de modo que essas mulheres se fecham para a vulnerabilidade e intimidade emocional. Assim, os relacionamentos não têm como acontecer.
As mulheres mudaram o cenário de suas próprias vidas e de uma sociedade, mas estão pagando um preço bastante alto pelas suas conquistas. Talvez na tentativa de se equiparar aos homens, tenham se saído tão bem, que se tornaram também mais racionais e renegaram sua parte mais sensível.
O desafio agora é: retomar a receptividade e sensibilidade do feminino (permitindo-se se envolver, podendo ser frágil) sem abrir totalmente mão de sua autonomia e independência.